Militante, pesquisadora, orientadora, gestora, assistente social, cineasta, poeta. Essas foram algumas das características evidenciadas durante a cerimônia virtual de outorga do título de professora emérita à Maria Lucia Pinto Leal, carinhosamente conhecida na Universidade de Brasília como 'Baiana'. Realizado em 17 de novembro, o evento foi transmitido pela UnBTV, por meio de seu canal no YouTube.
O título foi concedido por meio da resolução do Consuni nº 17/2020, em reunião realizada em 15 de maio. Docente aposentada do Departamento de Serviço Social (SER) com atuação no Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Ceam), a homenageada teve uma participação ativa tanto na vida acadêmica e científica, como também na militância por uma sociedade mais justa e igualitária.
"Isso é resultado de seu esforço e competência para agregar pessoas e instituições em torno de projetos e ações na defesa dos direitos humanos", expressou a irmã Fátima Leal, que também desenvolveu pesquisas no grupo fundado por Maria Lucia, sobre violência, tráfico e exploração sexual de crianças, adolescentes e mulheres, o Violes do Departamento de Serviço Social.
Orgulho de toda a família, a titulação comprova sua "capacidade de produzir conhecimento de forma coletiva, subsidiando políticas públicas a nível nacional e internacional". A comitiva de honra, apresentada por vídeo, também contou com pessoas que trabalharam diretamente com a agraciada em determinado período de sua trajetória: as professoras do SER, Patrícia Pinheiro e Valdenízia Peixoto; a professora emérita Maria Auxiliadora César; o ex-aluno e deputado distrital Fábio Félix e a deputada federal Erika kokay.
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Para a nova emérita, trata-se de um grupo orgânico que vem lhe acompanhando e cruzando suas histórias desde a década de 1980. "Não é apenas questão de afeto e amizade, mas por saber colocar em prática as teorias que nos levam a compreender e descortinar a complexidade que se apresenta no campo das questões sociais, especificamente na área da infância", afirmou Maria Lucia.
Para marcar a ocasião, o momento cultural foi apresentado pela cantora lírica Daliana Cavalcanti, pesquisadora do grupo Violes do SER. A reitora Márcia Abrahão e a diretora do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Ceam) Viviane Resende compuseram a mesa de honra.
A BAIANA NO CERRADO – Graduada em 1983 pela Universidade de Brasília, Maria Lucia Leal também fez mestrado na instituição, retornando como docente em 1993. "A leitura crítica da realidade foi concebida a partir da minha formação na UnB. Tenho muito orgulho de conhecer tanta gente maravilhosa; felicidade e sorte de ter tido professores de pensamento libertário de várias áreas do conhecimento na graduação e na pós-graduação, que conseguiram abrir meus olhos e dilatar meus pensamentos sobre os desafios da sociedade", agradeceu.
Em sua jornada acadêmica, ela se destacou na realização de estudos e investigações na área da infância e juventude, e sobre tráfico de mulheres, crianças e adolescentes para fins sexuais. Pela relevância científica e social, várias de suas pesquisas subsidiaram políticas públicas, recebendo inclusive indicação de 'melhores práticas' da Secretaria de Direitos Humanos, da Presidência da República, em 2011.
Outra faceta da Maria Lucia Pinto Leal é a de gestora, com destaque para sua atuação como diretora do Ceam entre 2016 a 2019. "As marcas de sua presença são visíveis a quem quer que tenha memória para comparar; a sua gestão já foi referida como refundação, tamanho a revolução que causou", frisou a atual diretora do Ceam, a professora Viviane Resende.
A reitora Márcia Abrahão complementou, afirmando que o mestrado profissional, proposto por Maria Lucia, é a nova aposta do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares: "É uma oportunidade também para os técnicos, e a professora sempre teve esse olhar inclusivo de não abrir mão da interdisciplinaridade. Mesmo sendo um desafio no dia a dia, engrandece e faz uma ciência muito mais completa".
PARA ALÉM DA UNIVERSIDADE – A oradora da cerimônia que apresentou o percurso profissional da emérita foi a professora aposentada do Departamento de Serviço Social, Eva Faleiros. Quando ingressou na UnB como docente, Maria Lucia passou a ocupar a sala de Eva Faleiros, que se aposentava naquele mesmo ano.
"Desde os anos 1985, eu e minha antiga companheira de lutas em defesa das crianças e adolescentes adotamos a perspectiva da estreita dialética na relação entre teoria e prática em nossos trabalhos", disse a oradora. Durante sua fala, Eva apontou várias das conquistas de sua colega que expandiram as fronteiras acadêmicas, como a militância pela aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente (Eca) em 1990, e a criação do Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes (Cecria) em 1993.
Sobre as qualidades que tornam Maria Lucia merecedoras do reconhecimento de sua carreira, Eva Faleiros citou: "ética, inteligência, sólida formação teórica, espírito científico, prática política, comportamento democrático, solidariedade, liderança, criatividade, iniciativa, originalidade, respeito e aceitação do outro, ousadia, coragem, persistência e organização".
Da poesia à política, como sintetizou Viviane Resende, foram várias honrarias: menção honrosa pela poesia Brasília: 50 anos de voo, no Concurso Nacional Brasília Poética, em 2010; troféu revelação com o vídeo No olho da rua, em festival de São Luís/MA, em 1991; título Honoris Causa da Academia de Letras do Brasil em 2013; prêmio Neide Castanha, outorgado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, em 2015; moção de louvor pela Câmara Distrital, em 2019.
"O ofício maior do educador que vive sob a égide de uma sociedade desigual e com seus pilares democráticos frágeis é o de transformar essa realidade, entender os sujeitos sociais como sujeitos de direitos e protagonistas de suas vidas, e para isso precisamos articular ciência, humanismo e arte; e politizar essas relações para juntos construir uma educação de qualidade e para todos", declarou Maria Lucia.
Confira na íntegra a transmissão da solenidade:
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