Praticar atividades físicas durante a pandemia de covid-19 não tem sido uma tarefa fácil. Seja por falta de local adequado ou incentivo, o sedentarismo atingiu muitos jovens, adultos e crianças. Para os idosos, o perigo é ainda maior devido ao declínio funcional. Segundo a professora da Faculdade de Educação Física (FEF) e coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Atividade Física para Idosos (Gepafi) da Universidade de Brasília (UnB), Marisete Safons, sem exercícios diários, os idosos passam a ter dificuldades em executar tarefas básicas, tais como tomar banho, levantar de uma cadeira ou elevar os braços acima do nível do ombro.
“O declínio funcional é o principal determinante de desfechos negativos na saúde de pessoas idosas, como o desenvolvimento de outras incapacidades, piora funcional, institucionalização, hospitalização e morte”, explica.
A fim de minimizar tais consequências, o Gepafi iniciou um estudo para identificar o nível de funcionalidade entre idosos do Distrito Federal durante a pandemia de covid-19. Para Marisete Safons, a pesquisa pode minimizar o comprometimento de habilidades nessa faixa etária e reverter os prejuízos do sedentarismo em meio ao atual cenário de emergência em saúde.
"Nós vamos monitorar informações detalhadas sobre o declínio funcional de idosos expostos ao isolamento social no DF. Com isso, podemos compreender o comportamento da funcionalidade dessa comunidade e teremos a oportunidade de pensar estratégias com oferta de programas regulares de exercícios físicos para atender essa população”, detalha a professora.
Pelo formulário, estão sendo coletando dados sobre a quantidade de exercícios físicos realizados periodicamente, número de quedas e/ou internações e a condição física dos idosos para subsidiar os programas que serão promovidos. No entanto, o grupo já vem implementando iniciativas para combater o sedentarismo durante a pandemia.
Desde 2020, o Gepafi promove aulas de ginástica on-line para mais de cem alunos. A novidade caiu na rede e atingiu até idosos de outros estados. É o caso de Míriam Novaes, de 62 anos. A arquiteta mora na cidade de Caieiras, em São Paulo, mas aproveita as facilidades do meio digital para participar das aulas. “Antes eu estava muito desencanada, e isso não é bom porque a gente se acostuma com o sedentarismo. Com os exercícios, eu senti que não me cansava tanto para subir minhas rampas e escadas, estava mais disposta e sentia vontade de fazê-los, como se o corpo sentisse falta”, afirmou.
Para Vitória Nascimento, de 62 anos, mesmo morando em Brasília, as aulas virtuais são a melhor opção para a sua rotina. A empresária está no grupo desde o início da pandemia e participa com frequência das atividades. “Gosto do encontro com a turma, eles alegram meu dia, parece até que estão presentes em minha casa. Se tiver que escolher entre presencial e virtual, escolho o virtual, pois é a única forma que daria para eu continuar.”
Ana Castro, de 66 anos, também conta o que mais gosta nas aulas on-line. Apesar de seu transtorno cognitivo, a aposentada recuperou boa parte dos seus movimentos e minimizou o declínio funcional. “Eu já fiz ginástica em várias academias e o diferencial do Gepafi é que eles realmente têm um olhar atento para a nossa faixa etária. Eu ganhei confiança, eu subo em escada, faço atividades domésticas sozinha, carrego neto no colo”, compartilha.
Além dos benefícios corporais, Rosa Manzan, de 75 anos, encontrou nas aulas on-line um conforto para a sua saúde mental. “Essas aulas me ressuscitaram, eu estava num momento de muita aflição, insegurança e isolamento com a pandemia. Eu estava me sentindo muito solitária, mas agora tenho aulas três vezes na semana e fiz muitos colegas.”
INSCREVA-SE – No momento, as aulas virtuais do Gepafi estão pausadas devido ao período de férias, mas serão retomadas em março. As atividades acontecem às segundas, quartas e sextas, de 8h30 às 9h30, pelo Zoom – plataforma de videoconferência. Para saber mais, entre em contato pelo WhatsApp (61) 99233-0926.
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