ANIVERSÁRIO

Ceam da UnB contribuiu, ao longo deste período, na proposição de reflexões e soluções para as mais diversas problemáticas sociais

Programação especial comemora os 35 anos do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares da Universidade de Brasília. Imagem: Divulgação/Ceam

 

Pioneiro em pesquisas e na promoção ensino com a integração das mais diversas áreas do conhecimento, o Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Ceam) da Universidade de Brasília completou 35 anos de existência em 2021. Com muita história, a unidade atua com destaque em estudos de gênero e raça, políticas públicas, direitos humanos e de diversos outros temas de relevância para o panorama social.

 

Atualmente, o Centro abriga 37 núcleos temáticos, dois programas de pós-graduação stricto sensu, com mestrado e doutorado, e uma especialização. Estão vinculados à unidade 32 docentes da UnB. “Os trabalhos do Ceam se orientam por vasta gama de temas, que incluem atividades e pesquisas. Fundamentado no fortalecimento entre teoria e prática, o Centro possibilita a integração entre pensamento e ação, com o conhecimento científico a serviço da sociedade democrática”, explica a diretora do Ceam, Viviane Resende.

 

Nestas três décadas e meia de uma história bem-sucedida de articulação interdisciplinar, seus pesquisadores buscaram estudar e solucionar temas complexos e questões sociais, ao problematizá-los por meio de uma abordagem holística e contextualizada.

 

Três ex-reitores da UnB já atuaram como diretores e coordenadores de núcleos da unidade: Cristovam Buarque, Roberto Aguiar e José Geraldo de Sousa Júnior. À frente da administração da Universidade de 2008 a 2012 e um dos cofundadores do Centro, José Geraldo conta que o Ceam influenciou a esfera acadêmica de diferentes maneiras.

 

“Primeiro, de modo interpelante, estimulando o diálogo e conferindo legitimidade a temas e questões emergentes. Depois, colaborando para flexibilizar a rigidez do acesso e da circulação nos espaços de conhecimento, aprofundando, para valer, a retórica da indissociabilidade entre pesquisa, ensino e extensão. Finalmente, transformando em temas relevantes para a atenção epistemológica aqueles decorrentes das expectativas políticas e sociais”, justifica.

 

Na opinião do docente, Cristovam Buarque – que foi governador do Distrito Federal, ministro da Educação e senador por Brasília – foi um dos reitores da UnB que abriu a Universidade para a multidisciplinaridade.

Viviane Resende acredita que uma das maiores contribuições do Ceam para o DF seja a promoção de um espaço de diálogo com a sociedade por meio da ciência. Foto: Arquivo pessoal

 

José Geraldo destaca como uma das atuações mais notáveis do ex-reitor a formulação da proposta do Programa Bolsa Família. Inicialmente definida como Bolsa Escola, a iniciativa nasceu de estudos feitos por núcleo do Ceam proposto por Cristovam Buarque e depois foi transformada em política pública, quando ele atuou nas esferas de gestão local e federal.

 

HISTÓRIA – “O Ceam tem por missão produzir, articular, integrar e disseminar, com qualidade, conhecimentos e práticas inter, multi e transdisciplinares”, diz Viviane Resende. Ela acredita que o Centro integra e dinamiza a Universidade. “A bonita história do Ceam nos indica que, por mais pesado que seja o presente, não podemos esquecer nunca o papel de resistência dos espaços de ação das universidades. O Centro foi e continua sendo um deles."

 

O ex-reitor José Geraldo conta que muito rapidamente se deu conta da recorrência de uma crise paradigmática nas condições de conceber, enunciar e produzir conhecimentos, o que tornou concreta a necessidade de fomentar um espaço para construção dos saberes de forma articulada com diversas áreas.

 

"A questão da interdisciplinaridade emergiu das indeterminações dessa transição e do mal-estar decorrente da perda de confiança epistemológica”, aponta. O docente completa dizendo ainda que a criação do Ceam foi imprescindível para dar conta das ambiguidades e das incertezas sobre os fundamentos da sociedade e o papel atribuído à ciência. “O que caracterizou o Ceam foi não responder de forma destacada do contexto, mas horizontalizar essas possibilidades”, defende José Geraldo.

 

IMPACTO NO SUS – Uma das atuações de destaque do Ceam foi na consolidação de articulações públicas na área da saúde. José Geraldo conta que o protagonismo do movimento sanitarista, o qual teve apoio da Universidade, juntamente com as mobilizações pela redemocratização, pela anistia e pela Assembleia Constituinte pós-ditadura, foi determinante para a convocação da 8ª Conferência Nacional da Saúde (CNS). Realizado em 1986, o evento deu as bases para a criação do Sistema Único de Saúde (SUS).

José Geraldo é um dos cofundadores do Ceam e defende que o país está vendo, cada vez mais, a importância do SUS, em razão da pandemia do novo coronavírus. Foto: Secom/UnB

 

Os pesquisadores do Núcleo de Estudos em Saúde Pública (Nesp) do Ceam trabalharam os dados que subsidiaram a constituição da política do SUS, que oferece desde o acesso a serviços de atenção básica até especializados e de urgência, de forma universal e gratuita. Atualmente, o SUS atende mais de 190 milhões de pessoas.

 

Coordenador do Núcleo à época da Conferência, o ex-diretor do Ceam Eleutério Rodrigues Neto ocupou o cargo de secretário executivo do Ministério da Saúde depois de aprovado o capítulo da saúde na Constituição de 1988, contribuindo para a implementação do Sistema. Esses fatos dão a medida da contribuição do Ceam às políticas públicas no país.

 

“Assim como o Nesp, quase todos os 37 núcleos atuais, articulados em cinco eixos temáticos (Direitos Humanos; Políticas Públicas; Desenvolvimento, Meio Ambiente e Sociedade; Contextos Regionais e Internacionais; e Linguagem, Comunicação, Cultura e Arte) tem cumprido papel relevante nesse aspecto, realizando o fundamento da universidade necessária pensada por Darcy", explica José Geraldo.

 

O ex-reitor acredita que isso se dá não apenas pela sistematização de conhecimentos em alto padrão civilizatório, mas pela organização desses saberes e dos pesquisadores com o intuito de atender e contribuir para encontrar soluções para os problemas do povo.

 

NA PANDEMIA – No atual cenário epidemiológico do novo coronavírus, o Centro tem se valido de plataformas virtuais para ministrar as aulas de maneira remota, bem como tem transmitido programações ao vivo em seu canal no YouTube, inclusive para comemorar os 35 anos da unidade.

 

Viviane Resende conta que, no momento, os maiores desafios do Ceam são o corte de investimentos e a cultura de negacionismo da ciência que se estabeleceu no país. "Este desafio não é só do Ceam, é da Universidade e da sociedade. Se o conhecimento não é valorizado, todos perdemos”, finaliza a diretora.

 

*estagiária de Jornalismo na Secom/UnB

 

matéria atualizada em 5/10, para disponibilização de informações sobre o Seminário de 35 anos do Ceam

 

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