O pediatra e professor aposentado da Universidade de Brasília (UnB), Antônio Márcio Junqueira Lisboa, morreu na madrugada do último domingo (13), aos 94 anos. Doutor Lisboa, como era conhecido, deixa a viúva, cinco filhos e sete netos. O corpo foi velado e sepultado na manhã desta segunda-feira (14), no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, em Brasília.
Uma das maiores contribuições do pediatra para o tratamento infantil foi a inclusão da mãe como acompanhante durante o período da internação hospitalar. “Ele foi o primeiro pediatra do Brasil que se preocupou com isso e brigou para ter a mãe junto da criança na internação. Alguns meses depois, essa mudança foi acontecendo em outros hospitais”, relembra a pediatra e professora da UnB, Vera Lúcia Bezerra.
O marco ocorreu em 1972, no Hospital Rural de Sobradinho, que mais tarde, em 1990, receberia o nome de Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB). Pioneiro por onde passava, ele participou da criação da Faculdade de Medicina da UnB, implantando a disciplina de Pediatria, além de ter fundado e ocupado o cargo de primeiro presidente da Sociedade de Pediatria do Distrito Federal.
O neonatologista e professor da UnB, José Alfredo Lacerda, era estudante de Medicina e fazia o internato no Hospital Regional de Taguatinga quando conheceu o doutor Lisboa, em 1980. “Ele foi um grande formador de opinião em pediatria, tendo participado ativamente na formação de centenas de pediatras brasileiros. Dedicou-se também à iniciativa privada, tendo orientado milhares de mães brasilienses. Foi membro da Academia de Medicina de Brasília, onde ocupou a cadeira número 1”, afirma José Alfredo.
O amor pela profissão do doutor Lisboa inspirou as novas gerações de médicos em Brasília. Um deles é o residente do segundo ano de clínica médica do HUB Ronny Onibene. Os dois se conheceram em 2014, quando Ronny era estudante de Medicina e presidia a Liga Acadêmica Nóbrega de Pediatria da UnB. “Ele mostrou um lado sensível em relação ao cuidado do paciente, focado na pessoa e na humanização. Mesmo eu não tendo ido para a pediatria, foi muito bom conhecê-lo, com a experiência e o carisma que ele tinha e mostrando ser uma pessoa que realmente ama o que faz”, diz Ronny.
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