No início do mês de dezembro, o duro concreto do icônico prédio da Biblioteca Central, no campus Darcy Ribeiro, ganhou cores. Um mega mural pintado pelo artista brasiliense Mikael Omik chama a atenção de quem passa pelo local vindo do ICC Norte.
O mural não é apenas uma pintura exuberante, mas também um livro. O exemplar faz parte do projeto Livro de rua, do mestrando do Instituto de Letras Hugo Barros. Aprovado pelo Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal, o projeto busca incentivar a leitura ao disponibilizar livros infantis em muros de vias públicas da cidade.
“Eu até tentei publicar livros pelo caminho convencional, mas as editoras que eu procurei não me deram muita bola”, conta o autor em sua página no Instagram. Segundo ele, a ideia é tornar as histórias acessíveis ao maior número de leitores. “Foi assim que eu criei o Livro de rua. Resolvi publicar meus livros nas ruas, nos muros e calçadas. E convidei artistas de rua para ilustrar as histórias. O grafite, que já ajudou a popularizar a arte, agora pode ajudar a popularizar a leitura. As histórias ficam lá, na rua, esperando alguém passar e ler”, diz.
O primeiro livro do projeto, O menino invisível, foi pintado, em 2018, no muro de um posto de gasolina na 413 Sul pela artista Siren. Dois anos depois, o livro ganhou publicação em papel impresso. (Des)iguais faz parte de uma série de três livros ilustrados por Mikael Omik. O segundo título da série Cata Tesouro está estampado no hall de entrada da Biblioteca Nacional. O local do terceiro livro ainda será divulgado.
As histórias giram em torno de questões sociais. Cata Tesouro, por exemplo, fala sobre uma catadora de recicláveis e (Des)iguais aborda o abismo social que há no mundo. “Não é uma regra, mas gosto desse tema, acho que são menos explorados do que deveriam nos livros ilustrados”, avalia o autor.
ARTE DE RUA – O artista brasiliense Mikael Omik grafita as ruas da cidade desde os 18 anos. “Meu primeiro contato com arte foi através de quadrinhos como A turma da Mônica, do Maurício de Souza, e O Menino maluquinho, do Ziraldo. Comecei a minha trajetória nas ruas onde desmistificava tudo que eu tinha de vergonha ou receio, ou ao menos uma grande parte disso”, relembra Omik.
O artista foi convidado para ilustrar a segunda obra de uma série já iniciada por Hugo. Após indefinições de local e os percalços da pandemia, a Biblioteca Nacional foi o local escolhido. “Fiz uma pesquisa pelos muros da cidade. O traço forte dele, marcante, me pareceu combinar muito com os temas sociais dessa série, especialmente a expressão dos olhos dos personagens”, explica Hugo.
O resultado foi tão bom que Omik acabou sendo chamado para dois outros trabalhos. “Foi aí que veio a oportunidade da UnB. Nem pensei duas vezes antes de aceitar. Estar presente em lugares assim, em que as pessoas possam interagir com o trabalho e se sentir pertencentes ao que foi feito, é de valor inestimável", lembra do processo, que teve intermediação da reitora Márcia Abrahão.
Leia também:
>> Com debate e cultura, DEX promove I Fórum da Rede de Polos de Extensão
>> UnB participa da transição do governo federal
>> Seminário discute comunicação pública nas universidades
>> UnB mapeia estudantes oriundos do território Kalunga
>> Universidade encerra campanha em comemoração aos seus 60 anos
>> UnB entrega prêmio de direitos humanos a 11 projetos
>> UnB recebe Prêmio Destaque Senatran 2022
>> Seminário celebra 30 anos de parceria entre UnB e FAPDF
>> Docentes são reconhecidos por contribuição na divulgação científica e no combate à desinformação