A administração superior da Universidade de Brasília realizou mais uma rodada de conversa com diretores de institutos e faculdades a respeito da retomada das atividades de ensino. A reunião, na última segunda-feira (6), seguiu-se à apreciação, pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), de uma minuta de resolução sobre a volta do calendário acadêmico, na semana passada. Mesmo com preocupações, principalmente no que diz respeito à conectividade dos estudantes, a maioria dos gestores é favorável à retomada de maneira não presencial.
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"O Regimento da UnB diz que cabe ao Cepe fazer a discussão e deliberar sobre o assunto, mas fazemos questão de trazer o tema para a conversa com os diretores, que, afinal, estão na gestão das unidades acadêmicas, conhecem as realidades e dificuldades", disse a reitora Márcia Abrahão. Ela lembrou que a minuta levada ao Cepe já incorpora as contribuições trazidas pelos institutos e faculdades após consulta realizada em junho.
"Muitas pessoas ficaram preocupadas, como se estivéssemos acelerando o processo de retomada. Mas não é nada disso. Sem o aval do Cepe, não podemos tomar medidas para ampliar a conectividade dos estudantes, como, por exemplo, organizar os editais", explicou. O Decanato de Assuntos Comunitários (DAC) encaminhou esta semana consulta às unidades sobre a possibilidade de empréstimo de computadores para estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica. A administração também está acompanhando o projeto de inclusão digital do Ministério da Educação, em parceria com a RNP.
De acordo com resultados preliminares da pesquisa social feita pelo Comitê de Coordenação e Acompanhamento das Ações de Recuperação (Ccar) da UnB, 6% dos estudantes não têm acesso a computador ou tablet e 30% precisam de internet de melhor qualidade para a realização das atividades remotas.
"Retomar não é fácil, pois é preciso construir as condições necessárias para tal. Na minha opinião, as condições estão dadas. Precisamos, porém, de uma resolução que indique a retomada. A partir daí, com essa base legal, podemos implementar as medidas e adaptações necessárias", avaliou o vice-reitor Enrique Huelva.
APRESENTAÇÕES – Durante a reunião, o professor Lúcio Rennó, que coordena o subcomitê de Pesquisa Social do Ccar, apresentou os resultados preliminares do levantamento realizado junto à comunidade acadêmica. "Hoje, com esses dados, já temos mais informações sobre a comunidade do que jamais tivemos. Agora, estamos comparando a distribuição da amostra pelo contingente em cada unidade acadêmica", detalhou. A expectativa é que o relatório final do estudo seja entregue à Reitoria até a próxima sexta-feira (10).
De acordo com a análise preliminar, a comunidade discente da UnB é bastante afetada pela pandemia, com familiares no grupo de risco e grande dependência do Sistema Único de Saúde (SUS). A maioria também utiliza ônibus para chegar aos campi. Em relação aos docentes, foi verificado que 75% deles mantiveram contato com estudantes durante a suspensão do calendário e 30% consideram sua habilidade para usar o Moodle (o ambiente de aprendizagem on-line da UnB) ruim ou péssima.
O Centro de Educação a Distância (Cead/UnB) vem ampliando a oferta de formação para professores, para o uso de novas tecnologias de ensino e aprendizagem. Mais de 700 docentes já fizeram a oficina Moodle Básico. "Para aprimorar esse processo, sugerimos que as unidades indiquem três professores para fazer a próxima edição da oficina. Depois, na outra edição, esses professores serão tutores dos seus colegas", indicou a diretora do Cead, Letícia Lopes Leite. A sugestão foi acatada pelos diretores.
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Outra apresentação foi feita pelo decano de Ensino de Graduação, Sérgio Freitas. Ele mostrou um compilado de todas as contribuições enviadas por 23 das 27 unidades acadêmicas no processo de consulta coordenado pelo CCAR, em junho. "Foram mais de 200 sugestões, necessidades e preocupações encaminhadas. Nós categorizamos e mostramos como a administração está agindo em cada aspecto", relatou o decano.
DIVERSIDADE – No debate, os diretores falaram sobre a realidade de cada instituto ou faculdade. À frente da Faculdade de Tecnologia, Márcio Muniz disse que a unidade está "extremamente favorável" à retomada não presencial. Já o diretor da Faculdade UnB Planaltina, Marcelo Bizerril, sinalizou preocupação com as condições de acesso à tecnologia pelos estudantes.
"Se, para os demais campi, cerca de 6% dos alunos não têm computador, na FUP, este percentual é de 21% – e não estamos falando apenas dos que cursam a Licenciatura em Educação do Campo. Nossa comunidade é muito dependente do campus presencial e vamos precisar de um olhar cuidadoso para nós", afirmou.
Para o diretor da Faculdade de Administração, Contabilidade, Economia e Gestão de Políticas Públicas, Eduardo Tadeu Vieira, o planejamento está adequado. "Estamos no caminho certo, preparando a retomada, mas não de maneira irresponsável e irrefletida", avaliou.
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