CAMPANHA

Cena de acidente entre carro e bicicleta, simulação de embriaguez ao volante e batalha de rap foram destaques na conscientização por um trânsito seguro

Chocar para alertar. Essa foi uma estratégia utilizada nas ações do Maio Amarelo no campus Darcy Ribeiro. Foto: André Gomes/Secom UnB

 

Quatro carros capotados foram estrategicamente deixados em alguns pontos do campus Darcy Ribeiro da Universidade de Brasília desde o início desta semana. Já era o começo das ações programadas para a campanha do Maio Amarelo, realizada sempre no quinto mês do ano, dedicada especialmente a chamar a atenção à responsabilidade de todos no trânsito, seja pedestre, ciclista, motociclista ou motorista.

Na quarta-feira (17), ao se aproximarem do Restaurante Universitário (RU), os estudantes logo se deparavam com uma cena montada de acidente entre carro e bicicleta (um boneco representava o ciclista ferido), ao lado de viaturas do Detran-DF, do Departamento de Estradas e Rodagem (DER) do DF, e da Polícia Rodoviária Federal.

“A primeira coisa que eu pensei ali é que poderia ser eu naquela situação”, afirmou o estudante de Ciências Ambientais da UnB, Davi Camargo, de 25 anos. “Parei para pensar nas minhas práticas como ciclista para evitar que isso aconteça, como tentar não transitar em via muito movimentada, andar bem sinalizado com a lanterna", analisou sensibilizado.

Ao ver o acidente simulado da campanha, o estudante Davi Camargo pensou: "Poderia ser eu naquela situação". Foto: André Gomes/Secom UnB

 

O estudante aproveitou também a presença das autoridades de trânsito no evento e pediu atenção especial ao trecho entre o Beijódromo e o acesso ao Centro Olímpico e à Casa do Estudante, onde mora.

"Lá, apesar de ter um semáforo, o radar de fiscalização é de 80 Km por hora, e os carros passam muito rápido e às vezes dão freadas muito bruscas quando o semáforo está fechado. Então esse ponto acaba sendo muito perigoso, tanto para ciclista quanto para o pedestre que transita por ali”, avalia.

 

Pouco a pouco, ao longo da manhã, uma série de ações educativas tiveram início ao redor do RU para levar a mensagem principal da campanha em 2023: No trânsito, escolha a vida. Houve palestras, distribuição de panfletos informativos, simulação de embriaguez por meio do óculos Drunk Busters, orientação sobre o etilômetro – mais conhecido como bafômetro – e teste para quem quisesse se aventurar.

 

Houve também música executada pela banda do Corpo de Bombeiros Militar do DF e pelo professor de Música da UnB Renato de Vasconcellos, batalha de rap exclusivamente sobre o tema do trânsito, teatro de mímica. Tudo para chamar a atenção do público presente e aumentar o engajamento por um trânsito mais seguro.

 

“Eu achei bem legal, parece que a polícia está ficando mais íntima da comunidade. Muito bom, porque incentiva também os jovens a ter essa conduta mais consciente no trânsito”, crê o estudante de Museologia Enzo Enok. No evento, ele foi aprovado no teste do etilômetro passivo da PRF – capaz de detectar a presença de álcool a uma distância de 10 a 12 centímetros da boca, sem a necessidade de a pessoa soprar o canudo do aparelho. 

Estudantes de Letras na UnB, Sarah Lisboa e Manuela Nogueira acompanharam todo o evento e aprovaram. Foto: André Gomes/Secom UnB

 

Aos 18 anos e caloura na Universidade de Brasília, a estudante de Letras - Português Brasileiro como Segunda Língua Manuela Nogueira se orgulha ao declarar que nunca ingeriu bebida alcoólica na vida. Ao assistir às palestras e ações educativas do Maio Amarelo, ela garante que, quando se tornar uma motorista, nunca irá beber e dirigir.

 

“Eu nunca bebi e isso só me confirma que eu não quero beber. E uma coisa muito interessante da palestra do DER foi sobre o bafômetro. Eu não tinha bebido e ele colocou álcool na minha mão [para higienizar]; soprei e já constou a presença de álcool! Então, vi que só de ter pessoas alcoolizadas no carro já pode dar um problema muito grande, né? Já é um alerta”, frisou. 

 

Colega de curso de Manuela, Sarah Lisboa, de 22 anos, acredita que eventos como o do Maio Amarelo fazem pedestres e motoristas serem melhores. “Acho interessante e importante esse tipo de evento porque às vezes não levam a sério e muita gente perde a vida por conta de imprudência de pessoas que sabem o que deve ser feito e acham: ‘ah, mas eu consigo dirigir...' igual o simulador mostrou pra gente: ‘Não, não consegue’. Sai muito mais barato um Uber do que o custo de um acidente”, reflete a graduanda. 

Público presente no evento pôde experimentar óculos que simula embriaguez no trânsito. Foto: André Gomes/Secom UnB

 

PARCERIA – O professor do Programa de Pós-Graduação em Transportes da Universidade de Brasília e coordenador do projeto de extensão Observatório da Mobilidade Segura, Saudável e Sustentável, Pastor Willy Gonzales, lembra que 85% das 50 mil pessoas que passam diariamente pelo campus Darcy Ribeiro se deslocam a pé. O restante divide-se entre carro, bicicleta e ônibus.

 

Ele chama a atenção para o fato de que muitos passam por áreas inadequadas, cortam caminhos e não prestam a devida atenção à movimentação e à sinalização. E tudo deve ser considerado na hora de pensar o trânsito na Universidade. “Isso que podemos dizer agora: comunidade, vamos pensar na paz no trânsito, na segurança no trânsito, porque nós estamos lidando com jovens que depois vão levar isso para a sociedade”, convida o docente.

 

Pastor Gonzales também agradeceu a todos os que participaram das atividades da campanha Maio Amarelo na Universidade. “Muito obrigado por estarem sendo parte da construção de um campus universitário mais humano, onde podemos viver, onde podemos estar e podemos ser.”

 

O decano de Administração da UnB, Abimael Costa, cujo doutorado foi na área de transportes, considera que este envolvimento da Universidade na campanha é simbólico e demonstra disposição em participar do diálogo com os órgãos reguladores de trânsito. 

 

“Diversas pesquisas, tanto de trânsito como de transportes, são desenvolvidas aqui, assim como de modelagens de sistema. A Universidade tem colaborado de uma forma bem ampla com as temáticas que envolvem trânsito, transporte, infraestrutura, parcerias público-privadas, concessões de infraestrutura de transportes, então vem sendo protagonista e está aberta a colaborar ainda mais”, declarou.

Decano de Administração da UnB, Abimael Costa reforça papel ativo da Universidade na construção de um trânsito mais seguro. Foto: André Gomes/Secom UnB

 

O chefe de gabinete, Paulo Cesar Marques, especialista em segurança no trânsito, ressalta que ações como a do Maio Amarelo acabam tendo impacto além dos muros da Universidade. “A Universidade de Brasília é uma cidade com 50 mil pessoas circulando por aqui. Além da conscientização, além da sensibilização que um evento como esse promove, em termos da comunidade interna da Universidade, tem o efeito irradiador. Tem o papel que cada um dos membros da comunidade faz ao levar para casa ou discutir com os vizinhos, com os amigos, com a família, os valores que estão sendo promovidos por uma campanha como a do Maio Amarelo”, salientou.

 

Para o agente de trânsito do Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal Cladison Nascimento, o tema deve estar inserido no ambiente universitário, nas igrejas e nos churrascos em finais de semana, porque mais de 30 mil pessoas morrem no Brasil por ano por causa do trânsito.

 

"Esse número não é aceitável. Então devemos trazer esse tema para que possamos mudar paradigmas, mudar pensamentos, porque o trânsito é feito de escolhas. O acidente é inesperado. E o sinistro de trânsito você escolhe: você que escolhe beber se vai dirigir ou não, você que escolhe dirigir teclando, e você que escolhe dirigir acima da velocidade ou não. Então temos que trazer a conscientização para a faculdade, para os colégios, para que possamos mudar, para que vidas não sejam perdidas. No trânsito, escolha a vida”, recomendou.

Se interessou pelo tema? Participe do evento Repensar a mobilidade para a segurança no trânsito, em 23 de maio.

 

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