SAÚDE COLETIVA

PrEpidemia elaborou diagnóstico preliminar e cartilha para prevenção do novo coronavírus entre os profissionais da área

Catadores podem estar mais expostos ao novo coronavírus no ambiente de trabalho. Foto: Dayani Galato 

 

Um grupo de pesquisa da UnB está analisando a situação de trabalho dos catadores de lixo de Brasília e municiando esses profissionais e o Governo do Distrito Federal (GDF) com informações para prevenção da covid-19. Em abril, o GDF determinou a paralisação das atividades desses profissionais para evitar a disseminação do novo coronavírus. No entanto, quando puderem retornar à ação, eles estarão vulneráveis ao vírus, já que cuidam de resíduos da população que podem estar contaminados.

 

Por isso, um decreto do final de maio definiu que os serviços de recebimento e de triagem de resíduos recicláveis no DF só poderão voltar a funcionar mediante a apresentação de um plano de segurança e prevenção de risco dos envolvidos na operação. Para auxiliar no processo, o Observatório PrEpidemia preparou dois materiais informativos com diretrizes contra a covid-19 destinadas aos catadores e ao poder público.

 

Um deles é uma cartilha publicada pela Waste Workers Occupational Safety and Health (WWOSH), da qual o grupo foi parceiro na elaboração. No material, que será enviado aos catadores, é possível encontrar algumas dicas para a prevenção da covid-19, como cuidado com a higiene pessoal, uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), limpeza de ambientes e superfícies, além de orientações específicas para a atuação segura dos profissionais que fazem a coleta e a triagem de resíduos sólidos.

 

O outro documento é um diagnóstico preliminar para prevenção da covid-19 entre esses trabalhadores. Elaborado com base em informações e estudos realizados até o momento, ele serve como norteador para criar padrões de segurança para esse público durante a pandemia.

 

>> Acesse o documento

 

Uma das preocupações é com as condições de trabalho oferecidas aos profissionais. Com o fim do lixão da Estrutural, o GDF criou cinco Instalações de Recuperação de Resíduos (IRRs), onde os catadores atuam. Em geral, são ambientes escuros, abafados e sem ventilação adequada. Os resíduos são despejados no chão e os catadores se dividem para a seleção e o armazenamento dos objetos em embalagens separadas, a depender do material. 

 

“Os catadores trabalham em condições insalubres, pois a população não sabe separar o lixo adequadamente e eles correm riscos de se cortar, de entrar em contato com bactérias da decomposição de alimentos, já que os recipientes não são higienizados antes de serem jogados fora”, explica Dayani Galato, professora do curso de Farmácia da Faculdade UnB de Ceilândia (FCE) e integrante do Observatório.

Ambientes podem interferir no processo de contaminação. Foto: Dayani Galato

  

SAÚDE DOS CATADORES – Reduzir os riscos de contágio em contato com os resíduos é também uma das perspectivas. Estudos anteriores do Centro de Controle e Prevenção de Doenças nos Estados Unidos já mostraram que no papelão, o Sars-CoV2 sobrevive até 120 horas e, no plástico e na madeira, até 96 horas. Nas superfícies de aço, o vírus pode ficar ativo por até 48 horas. 

 

Por isso, uma das recomendações presentes no documento é a de que os resíduos descartados fiquem pelo menos 72 horas armazenados em local seco, ventilado e, se possível, com exposição à luz solar, antes do manuseio dos catadores. Há também a orientação de manter distanciamento de dois metros entre os catadores na operação e nas áreas de vivência.

 

Para a população em geral, a dica é separar os materiais residuais de pessoas contaminadas em saco limpo e resistente à ruptura, bem fechado e com os dizeres "Cuidado resíduo infectante – covid-19".

 

O diagnóstico preliminar também traz informações sobre a situação de saúde dos catadores no DF, a partir de um levantamento epidemiológico feito pela professora de Saúde Coletiva da FCE Vanessa Cruvinel, vinculada ao Observatório. O estudo de 2017, realizado com mais de mil catadores do lixão da Estrutural, identificou que quase 30% deles relatou ter alguma doença crônica, como diabetes, hipertensão ou doença respiratória. São comorbidades que predispõem a quadros mais graves da covid-19.

 

“Na próxima etapa, vamos trabalhar com modelagens matemáticas para analisar a situação de transporte, local de trabalho e higiene. É necessário rever processos de trabalho”, explica o coordenador do PrEpidemia e professor do Instituto de Geociências (IG), Edilson Bias.

 

No total, 520 catadores cadastrados pelo GDF serão acompanhados pelo grupo da UnB. Além da cartilha e diagnóstico, foi feito um vídeo em formato de desenho animado para orientar os catadores.

 

SOBRE – O PrEpidemia é um observatório que tem como objetivo subsidiar gestores públicos e população no monitoramento da disseminação do Sars-CoV2, abordando aspectos de diversas áreas do conhecimento, a partir de estudos e simulações. Atualmente, o grupo é formado pelos professores Edilson Bias (IG), Vanessa Cruvinel e Dayani Galato, ambas da FCE.

 

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