O acesso à informação correta e de qualidade pode fazer a diferença no combate e prevenção à pandemia de covid-19. Ao mesmo tempo, informações imprecisas ou incorretas podem ser tão nocivas quanto o vírus em si. No atual contexto, apesar de as redes sociais serem comumente utilizadas no compartilhamento de dados sobre a pandemia, ainda se vê a repercussão de muitos conteúdos falsos nesses canais.
Por outro lado, os veículos de imprensa continuam a ter papel fundamental na produção de informações confiáveis sobre o assunto, sendo responsáveis por manter a sociedade atualizada em relação à crise sanitária. Quem consome notícias pela mídia profissional tem mais chances de estar informado sobre a covid-19, segundo estudo liderado por pesquisadores do Centro de Pesquisa em Comunicação Política e Saúde Pública da UnB.
MÍDIA PROFISSIONAL – O levantamento revela que usuários de portais de notícias têm um nível de conhecimento 5% maior do que aqueles que nunca usam esses sites para se informar sobre a doença. Outra análise relevante é que usuários que se utilizam do WhatsApp para se informar sobre a pandemia sabem 3% menos do assunto do que pessoas que não usam o aplicativo para esse fim. Já aqueles que usam de forma intensiva as redes sociais são 2% menos informados do que quem nunca usa essas plataformas para saber sobre a covid-19.
Os dados são desdobramento de pesquisa para identificar grupos populacionais com menos acesso à informações básicas sobre a covid-19 e explicam o comportamento do público nas redes sociais quanto a esses conteúdos. Esta é uma das pesquisas com financiamento aprovado em edital lançado pelos decanatos de Pesquisa e Inovação (DPI) e de Extensão (DEX) e pelo Comitê de Pesquisa, Inovação e Extensão de combate à covid-19 (Copei) para apoiar projetos da UnB de enfrentamento à pandemia.
"Os resultados sugerem que a mídia profissional tem ainda um papel muito importante na vida social. As pessoas que recorreram a sites de notícias para se informar sobre a pandemia estão, de fato, mais informadas sobre a doença do que as que usaram redes sociais ou o WhatsApp, por exemplo", explica o coordenador da pesquisa, Wladimir Gramacho (FAC).
"Provavelmente, o cuidado de jornalistas com a checagem das informações e a vigilância de leitores com o conteúdo publicado nos sites têm um papel muito importante para que a qualidade desse noticiário seja superior ao que qualquer pessoa pode divulgar nas suas próprias redes ou em seus grupos de comunicação instantânea", aponta o professor.
CIÊNCIA NAS REDES – Tendo em vista a ampla circulação de conteúdos falsos sobre a pandemia nas redes sociais, outro projeto, o Biologia UnB para você, propõe-se a divulgar à população orientações cientificamente amparadas, com linguagem acessível, sobre a situação epidemiológica.
A iniciativa de extensão é desenvolvida por professores do Instituto de Ciências Biológicas (IB) e também foi contemplada com financiamento em edital do DPI, DEX e Copei.
"Esta é uma iniciativa de divulgação científica para o enfrentamento da pandemia da covid-19, focada na produção de materiais de esclarecimento científico para o público em geral. As ações estão centradas na produção de conteúdo que “traduza” para a população o que está sendo produzido na ciência mundial sobre a covid-19. O projeto visa facilitar o acesso à informação e melhorar a compreensão do público em geral sobre aspectos científicos da pandemia", afirma o coordenador do projeto e professor do Departamento de Ciências Fisiológicas do IB, Jair Trapé Goulart.
"Em alguns casos, o projeto também ajuda a esclarecer dúvidas da comunidade, o que acaba ajudando a desmistificar algumas fake news amplamente compartilhadas nas redes", acrescenta o docente.
Toda a divulgação é realizada pelas redes sociais, via WhatsApp e nos perfis do projeto no Facebook, Instagram, Twitter. Além disso, os conteúdos também são disponibilizados no site do Biologia UnB para você. Os materiais são produzidos dando enfoque a um tema relacionado à pandemia, que pode surgir da sugestão da equipe, de alguma notícia, de artigo recém-publicado ou mesmo de provocações da comunidade.
"A partir disso, a equipe compila material com base em artigos científicos, informações de pesquisas em andamento ou dados disponibilizados por organizações. A partir dessa compilação, é produzido um pequeno roteiro utilizado na produção do material, que pode ser um vídeo curto ou posts – estes últimos se mostraram mais efetivos e vêm sendo priorizados", explica o professor.
INTERAÇÃO – A equipe também responde os comentários e as mensagens privadas recebidas nas redes. "Nessa interação mais próxima, conseguimos tirar algumas dúvidas mais pontuais e também levantamos novos tópicos que podem ser de interesse da comunidade", pontua Jair Trapé.
O professor destaca que o material tem gerado grande interesse nos internautas: "Atualmente nossa maior rede é o perfil no Instagram, com pouco mais de 4 mil seguidores, mas ficamos impressionados com o número de pessoas atingidas. Alguns posts chegam a ter mais de 100 mil visualizações. Esperamos que as redes possam ser um canal de divulgação científica para a população e que nosso material ajude a propagar informação confiável sobre questões relacionadas à covid-19".
Além de Jair Goulart, integram o projeto os professores do Departamento de Ciências Fisiológicas Andreza Fabro de Bem, Angele dos Reis Martins, Fernanda Paulini, Márcia Renata Mortari e Rafael Plakoudi Souto Maior. Com o trabalho, a equipe espera promover a valorização da ciência e combater notícias falsas a respeito da pandemia.
"Esperamos, durante o período que perdurar a pandemia, gerenciar as contas da rede BioUnB no Facebook, Twitter e Instagram, criando um canal direto de comunicação com a população. E que o conteúdo produzido por nossa equipe ajude a valorizar a ciência internacional e, principalmente, a ciência brasileira, mostrando como cientistas estão ajudando no enfrentamento à pandemia", diz o professor Jair Trapé.
"Por fim, esperamos conseguir combater algumas fake news, conscientizando também a comunidade acadêmica como um todo sobre a importância da ocupação dos espaços digitais e da realização de divulgação científica de qualidade", expressa.
O professor incentiva a comunidade a apoiar a iniciativa, divulgando e compartilhando o material produzido nas redes sociais. É possível contribuir ainda na elaboração dos conteúdos. "Sugestões e a contribuição com expertises, como design gráfico, programas de animação e produção de vídeos, apoio jornalístico, entre outros, são sempre bem-vindos e colaborações podem ser avaliadas sempre."
FUNDO DE DOAÇÃO – Para viabilizar o financiamento de projetos de pesquisa, extensão e inovação da Universidade com foco no combate à covid-19, o Copei criou, em convênio com a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), um fundo para arrecadar doações. Pessoas e empresas do Brasil e do exterior podem destinar recursos para as iniciativas ao acessar o link https://www.finatec.org.br/doacaoprojetos/form.
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