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Na Reitoria ou em institutos e faculdades, a presença feminina mostra-se plural, mas com um viés comum: a competência

Em celebração ao Mês da Mulher, a Secretaria de Comunicação (Secom) da UnB publica uma série para homenagear aquelas que contribuem para fortalecer o ensino, a pesquisa, a extensão e a gestão da instituição durante a pandemia de covid-19. A última matéria homenageia a atuação de mulheres em cargos de gestão na Universidade. Reitora e diretoras compartilham os desafios de comandar instituição e unidades acadêmicas, respectivamente, sobretudo em tempos de pandemia.

Atuação das mulheres nas diversas áreas e funções foi destaque em matérias da série publicada na página de notícias da UnB. Até o final de março, UnB e IFB realizam programação conjunta dedicada a elas. Arte: Ana Grilo/Secom UnB

 

Mulheres ainda são minoria no comando das instituições de ensino superior do Brasil. Na Universidade de Brasília, Márcia Abrahão é reitora pela segunda vez consecutiva e foi a primeira mulher a ocupar o cargo. A realidade não é diferente nos institutos e faculdades. Dos 26 existentes na UnB, apenas cinco são comandados por mulheres.

 

Um deles é o Instituto de Física (IF), dirigido pela professora Fátima Makiuchi desde 2018. Na unidade está um dos cursos da área das exatas onde mulheres são minoria, tanto entre estudantes de graduação como entre docentes. Apesar da disparidade, segundo a docente, os desafios que se impõem a ela como diretora não necessariamente têm a ver com o fato de ser mulher.

 

“A comunidade do Instituto de Física preza muito pela competência e se você tem condições para fazer o trabalho. Ao longo desses mais de 32 meses à frente da gestão, acho que isso já ficou claro para todos, que há, sim, comprometimento, há perfil e há competência no trato das questões do instituto”, afirma.

Fátima Makiuchi é diretora do Instituto de Física desde 2018. A docente acredita que um dos entraves para mulheres em cargos de gestão é o acúmulo de jornadas de trabalho. Foto: Arquivo pessoal

  

Contudo, a professora entende que estar em cargos de comando ainda é um desafio para muitas mulheres, por conta do entendimento social de que tarefas domésticas e cuidado das crianças são funções femininas.

 

“Há um lado que torna mais difícil a gestão administrativa de uma mulher, em qualquer unidade, em qualquer campo, não só na UnB, mas em qualquer setor produtivo no país, que é o fato de as mulheres, ainda hoje, lidarem com essa dupla jornada de trabalho, com uma ideia culturalmente aceita de que certas funções são naturalmente femininas”, explica a diretora, que se orgulha de ter uma gestão transparente e participativa.

 

Fátima Makiuchi celebra os feitos como gestora. “Recentemente, entregamos o Módulo 9, um espaço importante para nós, que vai ser o laboratório de ensino experimental para os nossos cursos de Física. Mas o maior destaque, com certeza, é a participação da comunidade e a transparência no uso dos recursos e nas decisões que são tomadas pela direção”, conclui.

 

>> Confira: Mulheres dão suporte para continuidade de serviços essenciais à Universidade

 

REITORIA – Como a primeira mulher a comandar a Universidade de Brasília, Márcia Abrahão conta que encontrou uma instituição ainda não habituada a lidar com uma mulher ocupando este lugar, e que isso se expressava até em memorandos e documentos.

 

“Até os documentos oficiais eram todos voltados para um homem assinar. Até agora estou fazendo um trabalho de conscientização interna das equipes, de que eu sou uma reitora. O gabinete sempre foi chamado de gabinete do reitor, e eu custei a conseguir que virasse gabinete da reitora. Até hoje, existem vários sistemas em que consta gabinete do reitor. Isso aparentemente pode ser algo menor, mas está dentro desse contexto do machismo institucional, que nós percebemos”, avalia.

Para Márcia Abrahão, os desafios de ser uma mulher gestora estão relacionados ao machismo institucional. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

Quando assumiu a reitoria da UnB, Márcia fez questão de nomear outras mulheres para os decanatos. Dos nove existentes, cinco têm seus cargos máximos ocupados por mulheres. “É uma oportunidade de ter mulheres na gestão. Uma reitora mulher tem que dar alguns sinais para a sociedade. Entre os sinais, está esse, de você ter uma equipe formada por mulheres. É importante para mostrar como as mulheres têm competência para assumir cargos de gestão”, explica.

 

No comando da Universidade, ela também atuou durante a pandemia do novo coronavírus e demandou ações imediatas para a transformação da rotina da UnB para o modo remoto.

 

“A gente tem conseguido, um ano depois, fazer a gestão de uma universidade que tem aproximadamente 60 mil pessoas, quase 100% remotamente. Este é um grande feito, não só da gestão superior, mas da UnB. Remotamente, os estudantes se formaram, as pessoas defenderam mestrado, doutorado, fizeram progressão técnica, docente, cursos, pesquisas. Isso é resultado de um grande esforço, de uma grande coordenação, que nós estabelecemos desde o início”, orgulha-se.

 

>> Relembre: Mulheres atuam para manter extensão universitária ativa em meio à pandemia

 

EDUCAÇÃO – Liliane Machado, diretora da Faculdade de Educação (FE), acredita que a maior participação de mulheres à frente de cargos de gestão requer muitas transformações na vida pessoal da gestora.

 

“É uma situação em que a gente precisa organizar a vida muito mais do que um homem quando assume essa função, porque a mulher carrega todos os afazeres da casa, de mãe e também a condição de professora, pesquisadora e gestora. Então, é uma questão de reorganizar o tempo e o espaço, a partir do momento em que você assume essa condição, até para você não perder a qualidade na questão do ensino, da pesquisa”, avalia.

 

À frente da unidade durante a pandemia do novo coronavírus, a diretora acredita que sua sensibilidade para estar próxima dos coordenadores e funcionar como um suporte emocional fez a diferença.

Liliane Machado acredita que a sensibilidade faz diferença na gestão. Foto: Arquivo Pessoal

 

No mês em que se completa um ano em atividades remotas na instituição, ela também lembra das diversas possibilidades e linhas de atuação que as mulheres desenvolvem na Universidade de Brasília, em especial na gestão.

 

“O início da pandemia foi uma situação muito difícil. Eu senti os meus coordenadores muito agoniados, muitos acharam que não dariam conta no contexto da pandemia. Mas conversando, um apoiando ao outro, nós demos conta e a gestão está acontecendo de forma tranquila. Agora, a cada semana, a cada dia, você espera: qual é a notícia que vai chegar? Vai ser comigo? Vai ser com um colega?”, questiona.

 

Recentemente, a Faculdade de Educação passou pela situação de ter três professores acometidos pela covid-19 e outros lidando com a doença entre familiares. Liliane acredita que a sensibilidade para lidar com este tipo de situação é mais comum entre mulheres.

 

“Eu acho que a mulher, nesse contexto, tem uma sensibilidade para lidar com as situações de conflito, muitas vezes melhor que o homem. Não é que os homens não tenham essa condição, mas é que nós temos uma sensibilidade mais aguçada”, opina.

 

MÊS DA REFLEXÃO – Até quarta-feira (31), a Universidade de Brasília (UnB) e o Instituto Federal de Brasília (IFB) promovem programação conjunta para homenagear e discutir o papel da mulher na ciência e na sociedade durante a pandemia: é o Mês da Reflexão. Atividades educativas e pedagógicas diversas serão realizadas remotamente e transmitidas pelos canais da UnBTV e da TV IFB no YouTube.

 

>> Saiba mais sobre as atividades do Mês da Reflexão 

 

A ação também integra a campanha institucional A UnB quem faz é a gente. A estratégia de comunicação busca reconhecer, valorizar e incentivar a atuação coletiva na superação dos desafios no atual momento de pandemia de covid-19, bem como reunir informações sobre iniciativas, programas e serviços para orientar os segmentos universitários nestes novos tempos.

 

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