A pandemia impôs uma série de desafios às Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras. Com a circulação presencial restringida, as avaliações de desempenho, importantes instrumentos de certificação da qualidade, foram atingidas em cheio. Por isso, nesta terça-feira (6) o VIII Fórum de Avaliação da UnB recebeu integrantes do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para tratar dos próximos passos para a realização do processo. O evento foi transmitido pelo canal no YouTube da Comissão Própria de Avaliação (CPA) da Universidade.
"Nosso objetivo com o Fórum é trazer uma discussão sobre a proposta de avaliação tanto da UnB quanto do ponto de vista externo”, destacou Andrea Cabello, presidente da CPA. Representando a autarquia federal, participaram o diretor de Avaliação da Educação Superior, Luís Filipe Grochocki, e o diretor de Estatísticas Educacionais, Carlos Eduardo Moreno.
AVALIAÇÕES NA PANDEMIA – O evento foi dirigido tanto a coordenadores da UnB quanto a procuradores de outras instituições do Brasil. Além de poderem acompanhar as exposições dos representantes do Inep, foi possível que os presentes enviassem questionamentos para esclarecer dúvidas sobre o tema, ou mesmo sugerir mudanças em modelos de avaliação.
A aplicação do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), que estava suspensa em função da pandemia, recebeu atenção dos palestrantes. A prova está confirmada para 14 de novembro e contará com 30 áreas de avaliação. Entre os inscritos, 2.394 são concluintes da Universidade de Brasília, que contabiliza 36 cursos de graduação avaliados nesta edição.
Entre as responsabilidades do Inep está o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), que comporta instrumentos como Enade, Avaliação Institucional e Avaliação de Cursos de Graduação. Com a interrupção da prova do Enade, importantes indicadores de qualidade como o Conceito Enade e o Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD) tiveram o calendário de divulgação alterado por depender da avaliação. Mas Grochocki estima que em 2022 estejam disponíveis.
A avaliação presencial das instituições também não foi poupada pela pandemia. “Há uma dificuldade muito grande de disponibilidade de avaliadores e de IES que estejam abertas a receber comissão com membros que vêm de diferentes localidades do país em uma pandemia”, lembrou Luís Filipe Grochocki. Desde abril deste ano, a autarquia aposta na modalidade remota e contabiliza 2.755 avaliações concluídas desde então.
MUNDANÇAS EM VISTA – Outro destaque foi para a presença da UnB no Revalida. Neste ano, a Universidade se encarregou de 384 processos de reconhecimento de diplomas de Medicina. Grochocki também destacou que a Diretoria de Avaliação da Educação Superior tem trabalhado para tornar as informações coletadas pela CPA úteis para o Inep, seja para identificar problemas como também identificar boas iniciativas, para evitar surpresas em avaliações como o Enade.
O diretor de Avaliação da Educação Superior destacou que o Inep tem atuado, com apoio da equipe de controle de qualidade, para identificar novos indicadores que poderiam ajudar a medir a qualidade. "Estamos revendo para ver a cesta de indicadores que poderíamos estar utilizando de forma mais apropriada para avaliar os diferentes perfis de cursos e IES”, ressaltou.
PANORAMA – “É importante que a gente entenda o que estão medindo esses indicadores para que consigamos assim melhorar os nossos fluxos de trabalho, direcionar as nossas ações institucionais es atingir o objetivo, com êxito, de nos manter na excelência”, afirmou Danilo Prata, pesquisador institucional do Decanato de Ensino de Graduação (DEG/UnB).
Parte do encontro se deteve a uma exposição com base no trabalho Educação Superior em Perspectiva: Volume I, publicado pelo Inep. “As instituições federais gozam de excelente reputação, sobretudo junto aos estudantes que estão concluindo o ensino médio e buscando uma instituição de educação superior”, descreve. Cerca de 70% das 110 instituições da rede federal são classificadas nos níveis 4 ou 5 (máximo) do Índice Geral de Cursos (IGC), o que contribui para essa boa reputação e reforça sua excelência. A UnB recebeu conceito 4 na última avaliação.
No evento, o diretor de Estatísticas Educacionais, Carlos Eduardo Moreno, alertou para os indicadores de permanência que avaliam a desistência e conclusão pelos estudantes. De acordo com Moreno, 19,4% dos estudantes matriculados na rede continuaram a participar do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “Isso é uma forte evidência de que esses estudantes estão buscando mudar de curso”, afirma. Ele avalia como efeito colateral a desistência de curso e o aumento das vagas remanescentes, que, muitas vezes, não são reocupadas.
Os Indicadores de Fluxo da Educação Superior, que mensuram a dinâmica de ingressos na graduação, reforçam a preocupação. No apanhado geral, de 2010 até 2019, 59% desistiram, 40% concluíram e 1 % permanece. Quando analisadas somente as federais, de 2010 a 2019, 52% desistiram, 46% concluíram e 2% permanecem.
De acordo com dados disponibilizados pela autarquia, o curso que se destaca com maior taxa de conclusão acumulada, entre 2010 e 2019, é o de Biologia (96,2%). Por outro lado, a graduação em Física comporta a mais alta taxa de desistência acumulada, com a marca 95,1% de estudantes que não continuaram no curso. Para ter acesso aos dados completos, acesse este link. Abaixo, o gráfico com os Indicadores de Fluxo da Educação Superior dos cursos da Universidade de Brasília (UnB):
*estagiário de Jornalismo na Secom/UnB.
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