ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO

Inovadora desde a concepção, instituição mantém princípios de seus criadores na valorização da diversidade e da ciência

UnB chega a seus 59 anos demonstrando sua influência nas diversas esferas da sociedade. Arte: Igor Outeiral/Secom UnB

 

A Universidade de Brasília completa 59 anos nesta quarta-feira (21). Fundada no mesmo dia em que Brasília, a instituição também têm em comum com a cidade a vocação para a inovação. Outra marca fundamental da UnB está prevista no artigo 3º de seu Estatuto, que é a formação de cidadãos qualificados para o exercício profissional e empenhados na busca de soluções democráticas para os problemas nacionais.

 

São essas as contribuições deixadas pela instituição aos seus 82.625 formados na graduação e 33.763 egressos da pós-graduação – dados desde o segundo semestre e primeiro de 1969, respectivamente. Também são essas as premissas que inspiram e mobilizam os 2.605 docentes, 3.188 técnicos, 1.132 trabalhadores terceirizados, 39.750 discentes da graduação e 8.908 da pós-graduação ativos na instituição a buscarem o conhecimento, compartilharem aprendizados e apoiarem a construção de uma sociedade mais justa. 

 

Ao longo de quase seis décadas de história, a Universidade notabilizou-se por ser vanguardista, entre outras ações, por suas políticas de promoção da equidade racial, como a de cotas, e pelos programas de acesso a estudantes indígenas e do campo. Um dos 7.926 estudantes que passaram pela UnB por meio de alguma política de ação afirmativa é Vilmar Souza Costa, conhecido como Vilmar Kalunga. Ele ingressou na UnB em 2008, no curso de Licenciatura em Educação do Campo.

Vilmar Kalunga, prefeito de Cavalcante (GO), foi um dos primeiros estudantes do curso de Licenciatura em Educação do Campo. Foto: Arquivo Pessoal

 

Formado na instituição, foi eleito, em 2020, prefeito da cidade de Cavalcante, em Goiás, sendo o primeiro quilombola no país a ocupar cargo máximo de gestão municipal. “Eu fui um dos primeiros a fazer esse curso de Licenciatura em Educação do Campo, um curso que dá para o sujeito do campo a oportunidade de crescer, de sonhar. Eu só tenho a agradecer mesmo a Deus e aos fundadores da UnB, que foram muito importantes para que eu me tornasse, hoje, prefeito de um município”, conta. 

 

Segundo Vilmar, ter um curso superior na Universidade de Brasília já é realidade para muitos jovens do quilombo Kalunga. “Aqui na nossa área do sítio histórico e patrimônio cultural Kalunga, temos centenas de jovens que tiveram a oportunidade de ter um curso superior."

 

"Para nós, é muito importante ter conhecimento, troca de experiências, pessoas novas, e foi muito bom para mim. Eu agradeço muito o aprendizado que tive na UnB durante esses anos, que fez com que eu voltasse para a minha comunidade e lutasse pelos meus ideais”, afirma.

 

O sentimento de pertencimento e contribuição para a comunidade de origem também é compartilhado por Tapi Yawalapiti, egresso do mestrado em Linguística da UnB, curso o qual tem vínculo com o Laboratório de Línguas e Literatura Indígena (Lalli). “Hoje em dia, a população indígena, principalmente os jovens indígenas, precisam estudar, porque nossos pais não tiveram essa oportunidade. Naquela época, não existiam escolas nas aldeias, e hoje temos professores indígenas formados, agente indígena de saúde, técnico indígena, enfermeiras, advogado. Então a gente, aos poucos, vai conquistando o desejo do nosso povo: ser pessoas importantes dentro da nossa comunidade”, conta.

 

>> Confira entrevista da UnBTV com Ailton Krenak realizada no #InspiraUnB de 2020

 

Rosileide Carvalho, doutoranda em Linguística, vê no contato com a Universidade a possibilidade de agregar os conhecimentos do seu povo, os nhandeva, com os conhecimentos acadêmicos. “Nós, como indígenas e como acadêmicos, temos um conhecimento de mundo, nosso repertório e bagagem da nossa cultura, da nossa própria vivência. Ao chegar à Universidade, a gente vem mais em busca de como organizar a nossa ciência, porque a comunidade dá esse respaldo para a gente poder mostrar a nossa ciência, cultura, história e nosso conhecimento, e a UnB tem dado espaço para a gente, nos programas de mestrado e doutorado e na graduação”, explica.

 

Desde 2006, a UnB adota processo seletivo exclusivo para ingresso de estudantes indígenas, com a oferta de vagas suplementares em cursos de graduação. Realizada por meio de acordo de cooperação técnica com a Fundação Nacional do Índio (Funai), a iniciativa é pioneira entre universidades federais de todo o Brasil. Ao todo, 589 estudantes indígenas já se formaram na UnB, tanto na graduação, quanto na pós.

Para Tapi Yawalapiti, ter realizado a formação superior na Universidade é algo de grande valor para os egressos da UnB diante de suas comunidades. Ele relata que esta é oportunidade que outras gerações de indígenas não tiveram. Foto: Arquivo Pessoal

 

DUAS IRMÃS – “A UnB e a cidade que a cerca são como duas irmãs que cresceram juntas. Ao longo do tempo, nossa Universidade ficou maior e mais pujante, auxiliando no desenvolvimento regional. Abrimos campi fora do Plano Piloto, criamos novos cursos, inclusive no período noturno, avançamos na pós-graduação, na pesquisa e na extensão e passamos a ser peça importante na busca de soluções para os desafios da cidade e do país." 


As palavras são da reitora Márcia Abrahão e revelam muito do que a UnB tem conseguido realizar ao longo de sua trajetória, que cresce como a de Brasília. "Temos também egressos da graduação e da pós que muito nos orgulham e atuam em diversas instituições públicas e privadas no DF, em todas as áreas do conhecimento", completa.

 

Na extensão – um dos pontos do tripé que estrutura a Universidade, ao lado de ensino e pesquisa –, a instituição vem desenvolvendo ações com impacto no Distrito Federal e no Brasil, aproximando o conhecimento produzido na academia das práticas da sociedade. Ao todo, 362 projetos de extensão estão em andamento, contemplando as mais diversas áreas do saber. Para ampliar os laços com a população do DF, a instituição tem polos de extensão na Cidade Estrutural e no Recanto das Emas e está viabilizando a instalação de um no Paranoá. 

 

É a partir das iniciativas de extensão que a Universidade mostra sua potência em apoiar a comunidade, sobretudo em contexto crítico como o da pandemia de covid-19. Exemplo disso está em ação realizada pelo projeto Água para ARIS, que entregou água a famílias na Estrutural que não tinham acesso a rede de abastecimento dos recursos hídricos.

 

Extrapolar os muros da Universidade e promover a estudantes a oportunidade de aprender sobre a realidade brasileira na prática é também perspectiva da extensão. Nesse sentido, o projeto Vivência Amazônia tem contribuído para aproximar a comunidade acadêmica dos modos de vida e desafios vividos por populações indígenas, quilombolas, ribeirinhas, extrativistas, camponesas, assentadas, entre outras, que habitam a Floresta Amazônica. Em 2020, o projeto, que promovia anualmente atividades presenciais nos territórios do maior bioma do Brasil, teve que se reinventar por conta da pandemia, e passou a realizar diálogos com os povos da floresta por meio de lives.

 

>> Saiba mais sobre o projeto no podcast Amazônia Além da Floresta, uma produção da revista Darcy

 

PRODUÇÃO CIENTÍFICA – No âmbito da pesquisa, o número de publicações em anais de eventos e periódicos contemplados em editais da instituição, por exemplo, tem sido significante. “Em 2017, o edital de publicação de artigos em anais de eventos contemplou 72 pesquisadores. Em 2018, ampliamos para cem artigos em anais de eventos e mais 47 artigos em periódicos; em 2019, foram 82 publicações em eventos e 68 em periódicos. Já em 2020, apoiamos 43 publicações em periódicos”, conta Cláudia Amorim, diretora de Pesquisa do Decanato de Pesquisa e Inovação. 

Para produzir ciência, UnB conta com ampla infraestrutura de pesquisa e inovação, mapeada em portfólio e painéis interativos. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

Outro exemplo positivo é visto no crescimento da infraestrutura de pesquisa e inovação disponível. De 2001 a 2020, a UnB passou por um salto em mais de 100% no quantitativo de laboratórios: eram 343 há dez anos; enquanto que, no ano passado, somavam 682. Sem contar os 76 núcleos, 31 centros de pesquisa e 43 infraestruturas de apoio hoje distribuídos pela Universidade. A instituição conta, ainda, com 582 grupos de pesquisa.

 

O estímulo à inovação é outra marca forte da UnB. Até o primeiro semestre de 2020, o número de ativos intangíveis protegidos pelo Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) chegava a mais de 500, incluindo 232 patentes ou pedidos de patentes (161 nacionais e 66 internacionais).

 

Desde 1998, cerca de 130 transferências de tecnologias foram celebradas pela instituição. Em termos de empreendedorismo, o dado mais recente sinaliza 200 empresas apoiadas pelo Programa Multincubadora de Empresas. Todas as informações sobre a infraestrutura de pesquisa e inovação da Universidade estão disponíveis em portfólio e painéis analíticos lançados em 2020.

 

Para produzir ciência e tecnologia de ponta, a Universidade conta com pesquisadores com produção acadêmica de grande impacto. Não à toa a instituição teve 25 cientistas citados em ranking de 2020 que reúne os mais influentes do mundo. Mais de 250 de seus pesquisadores são bolsistas produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) nos níveis 1 (A, B, C e D) e 2.

 

UnB CONTRA COVID-19 – Desde o início da pandemia de covid-19, os pesquisadores da UnB têm demonstrado todo o empenho em contribuir com seus conhecimentos e estudos em todas as áreas do conhecimento, para dirimir as consequências da crise sanitária no Brasil e no mundo. Edital lançado pelo Comitê de Pesquisa, Extensão e Inovação de combate à covid-19 (Copei), junto aos decanatos de Pesquisa e Inovação (DPI) e de Extensão (DEX), contemplou quase duas centenas de iniciativas no ano passado; destas 90 receberam financiamento da instituição.

 

 >> Relembre ações da UnB pouco mais de um ano após a deflagração da pandemia

 

A Universidade também tem apoiado a captação de recursos para as diversas iniciativas de combate à covid-19 por meio de um fundo para arrecadar doações. Instituído pelo Copei, em convênio com a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), o fundo recebe recebe recursos de pessoas e empresas do Brasil e do exterior pelo link: https://www.finatec.org.br/doacaoprojetos/form. As doações podem ser feitas por boleto, depósito bancário, cartão de crédito ou PayPal, sendo designadas a projetos específicos ou a uma categoria.

 

"O último período, marcado fortemente pela emergência sanitária da covid-19, tem mostrado como as pesquisas, a exemplo daquelas de sequenciamento do genoma do novo coronavírus ou daquelas que aplicam conhecimentos para conceber um produto extremamente útil para o momento – como os EPIs com algum diferencial – são importantes para dar perspectivas de melhoria da situação em algum aspecto. É inegável que este grande patrimônio de pesquisa da Universidade, incluindo infraestrutura física e recursos humanos extremamente qualificados e especializados, é de imensa utilidade neste momento”, aponta Cláudia Amorim.

 

*Matéria atualizada em 22 de abril, para correção de informação

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