APOIO

Desenvolvido por professores e estudantes da FGA, o Mia Ajuda incentiva ações solidárias e é fruto de projeto financiado pela UnB no combate à covid-19 

A iniciativa abrange o território nacional e facilita ações de assistência aos mais vulneráveis durante a pandemia. Acima, tela de instalação do aplicativo. Imagem: Reprodução

 

Um aplicativo desenvolvido por professores e alunos do curso de Engenharia de Software da Faculdade UnB Gama (FGA) tem facilitado o apoio a pessoas vulneráveis durante a pandemia de covid-19. O Mia Ajuda, resultado de projeto financiado pela UnB, aproxima voluntários de quem sinaliza que precisa de algum tipo de ajuda, seja de forma material ou não material – com serviços e favores.

 

A ferramenta está disponível para dispositivos Android e o download é gratuito. Por meio do site do projeto, é possível colaborar com a iniciativa. O foco da tecnologia não é conseguir aporte financeiro para pessoas que necessitam, mas sim estimular ações mais pontuais de assistência.

 

Um exemplo é a colaboração entre vizinhos que possam prestar favores, como a realização de compras, àqueles que não podem sair de casa durante a pandemia – é o caso de indivíduos do grupo de risco ou com dificuldades de locomoção. Também é possível atender demandas por itens essenciais de higiene pessoal, alimentos e roupas, além de fornecer apoio psicológico, companhia e momentos de entretenimento, em que há espaço para compartilhar cultura, tocar um instrumento e contar histórias.

 

A ideia do app surgiu em 2020, no início da pandemia de covid-19. Em uma reunião, os professores da FGA Maurício Serrano, Fernando William Cruz e Milene Serrano discutiram formas de colaborar com a sociedade diante da crise sanitária, a partir de suas especialidades na área de engenharia de software. Após a discussão, os docentes divulgaram a proposta junto à graduação, com o intuito de reunir voluntários para desenvolver a tecnologia.

 

“A ideia de aproximar pessoas que precisam de ajuda daquelas que podem e querem ajudar pareceu-nos muito pertinente para mitigar alguns problemas decorrentes do isolamento social. Isolamento esse necessário para lidar com a pandemia de covid-19, mas que demanda cuidados com as populações mais vulneráveis economicamente”, explica Milene Serrano, coordenadora do projeto.

No site do Mia Ajuda é possível acessar storyboards com exemplos de maneiras de ajudar o próximo sem ser apenas com dinheiro. Imagem: Reprodução

 

CONHEÇA – O Mia Ajuda utiliza tecnologias atuais e recursos que facilitam a interlocução solidária entre os usuários. Para receber assistência ou para ajudar, o interessado deve baixar o app na loja de aplicativos e criar uma conta. É necessário fornecer nome, Cadastro de Pessoa Física (CPF), foto, data de nascimento, endereço (com CEP) e e-mail para verificação de cadastro. 

 

A geolocalização é obrigatória durante o uso do Mia Ajuda. Dessa forma, a ferramenta permite identificar quem precisa de auxílio nas proximidades da região da sua moradia e, assim, estimular a colaboração entre vizinhos. Ainda, é possível ajudar alguém de qualquer lugar do Brasil ao selecionar o pedido do qual deseja ser voluntário.

 

Após aceitar a ajuda pelo app, as partes envolvidas devem concretizar o processo via WhatsApp. O próprio Mia Ajuda direciona as duas pessoas para efetuar o contato por mensagens. Finalizado o processo, o usuário auxiliado deve sinalizar a conclusão dos trâmites no app. Os pedidos de ajuda são excluídos depois de finalizados.

 

DESENVOLVIMENTO – Todo o processo de criação foi realizado de forma remota, por meio de aplicativos de mensagens, de conferências e de ferramentas específicas com os quais a equipe pôde trabalhar em conjunto. 

 

“Nesse contexto, a equipe de fato fez uso de metodologias ágeis, optando por usar técnicas específicas. Reuniões diárias, pareamento entre os membros da equipe [reunindo membros veteranos e membros novatos], incrementos constantes de software e versionamento em uma plataforma dedicada permitiram o trabalho remoto e em equipe”, relata Milene Serrano.

 

Pelo fato de o aplicativo requisitar diversos dados do usuário, os desenvolvedores também se preocuparam em construir políticas claras de uso, que englobam privacidade e segurança. 

 

O foco do alcance era o Distrito Federal e as regiões administrativas, mas foi possível viabilizar a abrangência nacional. Hoje, na base de dados, existem usuários das regiões Nordeste e Sudeste. 

 

Após selecionado no edital n° 01/2020 do Comitê de Pesquisa, Inovação e Extensão de combate à covid-19 (​Copei), do Decanato de Extensão (DEX) e do Decanato de Pesquisa e Inovação (DPI), o projeto foi contemplado com R$ 30 mil. Esse montante possibilitou o pagamento de ajuda financeira ao primeiro grupo de estudantes da equipe, que participou de forma voluntária, e a compra de um servidor para hospedar o app no Laboratório de Tecnologia e Inovação em Software (List).

 

A tecnologia também foi divulgada durante a Semana Universitária de 2020, com a participação da comunidade externa. Milene Serrano conta que as pessoas que acompanharam a apresentação “manifestaram-se de forma muito positiva em relação à proposta, bem como mencionaram a importância de se ter ações similares, não apenas aproximando tecnologia e papel social, mas também aproximando a Universidade e a sociedade”.

 

Para a docente, iniciativas como o Mia Ajuda  “podem ser ótimas formas para utilizar a tecnologia de maneira humanizada”.

Milene Serrano conta que, com o avanço da pandemia e a emergência em ajudar pessoas mais vulneráveis, o trabalho de concepção do app se pautou na agilidade. Estímulo ao trabalho em equipe também foi aspecto importante. Foto: Arquivo pessoal

 

APRENDIZADO – Inicialmente, o projeto contou com a participação voluntária de três graduandos e 15 docentes da FGA. Outros estudantes que colaboraram posteriormente cursaram e tiveram créditos efetivados na disciplina Pesquisa Científica em Grandes Temas 1, proposta pelo Copei.

 

Na avaliação de Milene Serrano, a participação dos graduandos no projeto estimulou o interesse deles em estudar assuntos relacionados aos aspectos sociais, orientados por elementos que vão além da parte técnica da engenharia. Segundo ela, ética, solidariedade, proatividade, trabalho em equipe, parceria, colaboração e senso crítico são algumas das competências que os estudantes tiveram a oportunidade de desenvolver no processo.

 

A estudante de Engenharia Eletrônica Maria Eduarda de Melo integrou a equipe do Mia Ajuda e considera que a experiência contribuiu para ampliar os horizontes sobre a aplicação de conhecimentos da área. "Eu sempre me interessei por projetos sociais, mas foi interessante participar do projeto e ver as aplicações da tecnologia nesse âmbito. A iniciativa me fez analisar a engenharia de um novo ponto de vista, me ajudou a pensar em outros aspectos e em como aplicar a engenharia em um contexto social para ajudar as pessoas", declara.

 

Agora, o projeto está na quarta composição de equipe. A participação de novos membros no primeiro semestre letivo de 2021 – que terá início no dia 19 de julho – será por meio da matrícula na disciplina Pesquisa Científica em Grandes Temas 2, com carga horária de 90 horas.

 

Os atuais integrantes pretendem iniciar um trabalho de iniciação científica com temas correlacionados ao projeto Mia Ajuda. Planos de trabalhos foram submetidos ao edital do Pibic 2021/2022. Por enquanto, os participantes aguardam o resultado do processo seletivo.

 

>> Relembre: Iniciativa da UnB cria site e aplicativo para facilitar doações no Distrito Federal

 

ATUALIZAÇÕES – A equipe prossegue o trabalho de forma voluntária e, no momento, conduz atualizações no app. “Pretende-se não apenas ampliar as funcionalidades do aplicativo, mas também realizar estudos de ciência de dados, permitindo ao governo federal, ou a quem interessar, identificar regiões com necessidades específicas, e ajudar mais pronta e diretamente com ações coletivas e de âmbito local, regional, estadual ou federal”, pontua a coordenadora do projeto.

 

Um dos serviços de ajuda que podem ser prestados no app é o atendimento psicológico. Ao fazer o cadastro, o psicólogo voluntário deve assinalar a opção de que possui a formação na área da saúde. Os pedidos de ajuda referentes à saúde mental só serão visualizados pelos profissionais.

 

Ainda não há um filtro que exija certificação em Psicologia para efetivar o cadastro, por este motivo, cabe ao assistido verificar se, de fato, a pessoa é diplomada na área. A funcionalidade de checar as credenciais do especialista cadastrado no aplicativo está na lista de possíveis melhorias para a segunda versão do Mia Ajuda.

 

De acordo com análises feitas pelos membros da equipe, o fato de não trabalharem com organizações não governamentais (ONGs), com líderes comunitários e com o fluxo inverso – opção de um voluntário se dispor a oferecer uma ajuda e registrar no app para um interessado – pode ter limitado o alcance do Mia Ajuda. Por estes motivos, existem esforços para solucionar parte destas demandas, como a possibilidade de incluir o cadastro de ONGs para oferecer ajuda no âmbito coletivo.

 

SAIBA MAIS – Além de no site do projeto, informações sobre o Mia Ajuda podem ser encontradas no Instagram (@miaajuda) e no Facebook.

 

Confira vídeo sobre o aplicativo:

 

*estagiária de Jornalismo na Secom/UnB

 

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