RECONHECIMENTO

Concurso da Controladoria Geral do DF estimula universitários a refletirem sobre aspectos necessários para ampliar a participação social no governo

Registro da entrega da honraria a Williamar Ribeiro (segundo da direita para a esquerda). Projeto premiado pela CGDF fomenta a melhoria dos serviços de saúde e a maior participação social por meio dos conselhos regionais de saúde. Foto: Arquivo pessoal

 

O interesse de Williamar Ribeiro, estudante de Medicina da Universidade de Brasília, por disciplinas no campo da medicina social e sua vivência como técnico em enfermagem da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) o instigaram a fazer algo para ajudar os usuários do sistema de saúde do Distrito Federal. Em suas experiências, a carência de alguns dos serviços na área era notável. "Vi a necessidade de serviços básicos, como a emergência, na prática. São problemas não tão difíceis de resolver, mas que se arrastavam por grandes períodos", conta.

 

"Percebo que, com a oportunidade de participação ampla, a ótica do usuário ajuda na resolução rápida e eficaz, diminuindo as judicializações por conflitos menores", explica. A constatação motivou o estudante a desenvolver um projeto para aperfeiçoar os mecanismos de interação dos agentes públicos do Sistema Único de Saúde (SUS) com os pacientes, o que poderia favorecer o melhor funcionamento dos serviços e a facilidade no acesso aos atendimentos e andamento das solicitações pelo cidadão.

 

A iniciativa foi destaque em terceiro lugar no Prêmio Essencial de Controle Social da Controladoria Geral do DF (CGDF), que reconhece propostas de universitários para incentivar a participação popular em ações governamentais. Três trabalhos desenvolvidos por acadêmicos foram premiados pela CGDF, sendo avaliados por aspectos como originalidade, inovação, viabilidade de execução, participação social e impacto para a comunidade.

 

"Como futuro médico, falo isso para os meus colegas, precisamos levar uma resposta ao cidadão. Não podemos perder esse foco, que é uma das funções da medicina há séculos", afirma. Ele acredita que a humanização da área é fundamental para que a medicina possa avançar e dar suporte aos cidadãos. "Na faculdade, tenho contato com matérias essenciais que fazem o futuro médico entender como o serviço público funciona", acrescenta.

 

Williamar quer fazer de sua graduação em Medicina uma forma de devolver  à comunidade aquilo que está sendo investido em seus estudos. Ele pretende, nos próximos semestres, trabalhar junto aos docentes que estão à frente de disciplinas com foco em medicina social, para que possa fortalecer e aprimorar a ideia de seu projeto.

 

"Sempre tive vontade de fazer mais. Passei em Medicina com 30 anos e agora terei a oportunidade de fazer o que não podia como técnico. Presenciei muita gente sofrer com falta de assistência ou políticas públicas defasadas, e isso foi decisivo para que montasse esse projeto."

 

SOLUÇÕES SIMPLES – O mecanismo proposto por Williamar institui canais de comunicação que permitem a solução ágil de demandas dos usuários, com aporte mínimo de recursos. Um projeto piloto será implementado na região administrativa do Gama. A principal inovação está na adesão dos conselheiros de saúde aos canais instantâneos de comunicação. Tipicamente, as reuniões dos conselhos regionais de saúde são mensais. Com isso, muitas demandas fáceis de serem encaminhadas ficam paradas, aguardando o momento em que os conselheiros possam se reunir para dar andamento.

 

Atualmente, as reuniões são voltadas para apreciação de atos que já aconteceram, focando prioritariamente a prestação de contas, o que torna ineficiente a resolução de conflitos entre comunidade e instituições públicas de saúde. A proposta do estudante de Medicina irá receber as demandas da população, levadas ao conhecimento dos responsáveis pelo Controle Social e da Gestão dos conselhos pelo mecanismo de comunicação instantânea. Isso faz com que haja tempo hábil para dar uma pronta resposta ao cidadão.

 

Outra inovação é o Plantão do Controle Social, que, contando com a figura de um conselheiro de saúde, deve atuar exclusivamente como um mediador das tratativas junto à gestão local em casos urgentes. Para essas situações, prevê-se uma resposta em até 48h. Serão acolhidas de ouvidorias as demandas espontâneas relacionadas aos serviços prestados, insumos, equipamentos e infraestrutura das unidades de saúde. A meta é resolver 80% delas.

 

Após esse prazo, aquilo que não puder ser resolvido de forma ágil por esse mecanismo passa para a Câmara Técnica de Controle Social, que tem até sete dias para sanar a demanda. A meta é que 90% de tudo o que não pôde ser solucionado pelo Plantão do Controle Social seja resolvido nessa instância. "É possível solucionar essas demandas de forma mais rápida e eficaz. O conselho, por lei, já tem autonomia de promover fiscalização", lembra Williamar.

 

Seis meses após o início das ações, está prevista uma avaliação geral com dados fidedignos que mostrem de que forma as ações podem ser expandidas para outras regiões do Distrito Federal. "O DF pode ser impactado de forma ampla. É a UnB promovendo formas de melhorar nossa saúde. Acho primordial devolvermos à comunidade aquilo que é investido em nós", pontua.

 

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