NOVAS PRÁTICAS

Curso Ciência é 10 promoveu oficinas, com participação de alunos de escolas públicas, para capacitar docentes na aplicação de métodos de ensino na área

Iniciativa busca incentivar novas formas de ensinar ciências nas escolas e aproximar estudantes do ensino básico dos conhecimentos sobre o assunto. Imagem: Divulgação

 

Desde abril de 2020, o Instituto de Física (IF) da Universidade de Brasília promove o projeto Ciência é 10 (C10), um curso de especialização (pós-graduação lato sensu) a distância para professores da área de exatas voltado à educação em ciências nos anos finais do ensino fundamental – 6o ao 9o ano – na rede pública do Distrito Federal. A UnB foi uma das instituições convidadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) a oferecer o curso, que faz parte do Programa Ciência na Escola, do Ministério da Educação, e é a principal linha de incentivo ao ensino da ciência no país.

 

Pela UnB, 124 professores participam da formação, oferecida em três polos: Asa Norte e Planaltina – ambos no Distrito Federal –  e também na cidade de Goiânia (GO). "O Ciência é 10 (C10) é um projeto da Capes e envolve diversas universidades federais de todo o país. A UnB é uma dessas universidades. O projeto enquadra-se no contexto mais amplo da Universidade Aberta do Brasil (UAB), também da Capes, que está mais relacionado a cursos a distância. O Instituto de Física (IF) oferta uma licenciatura nessa modalidade e agora oferta também o Ciência é 10, que é um curso de especialização (pós-graduação) ", detalha o coordenador do curso e professor do IF, Olavo Leopoldino Filho.

 

"O C10 pretende desenvolver com os cursistas habilidades de ensino na metodologia do ensino por investigação. Dessa maneira, ele foca o aprendizado dessa metodologia. Além disso, há um foco mais específico na dimensão prática desse desenvolvimento de habilidades. Assim, os professores cursistas entram, desde os primeiros momentos do curso, em contato com a prática desse tipo de ensino", acrescenta.

 

Anteriormente, a maior parte da oferta do conteúdo se dava na modalidade a distância, mas devido à pandemia de covid-19, mais atividades do curso migraram para o formato remoto. Dessa forma, boa parte da aplicação educacional (a parte prática do curso) passou a ocorrer por meio de oficinas on-line, realizadas pelos professores cursistas para seus respectivos alunos nas escolas.

 

"Foi neste sentido que resolvemos criar as oficinas de ciências como um projeto de extensão, já levando em consideração que a pandemia impactou de maneira fortemente negativa o ensino e, em particular, as escolas públicas e seus alunos. As oficinas, portanto, visam aplicar, por meio dos professores cursistas, supervisionados pelos professores da UnB que atuam na especialização, as bases do método investigativo no ensino de ciências. Mostramos, assim, novas maneiras de se ensinar ciências – em particular dando às questões experimentais muito maior atenção", explica o professor Olavo, que é também idealizador das atividades.

Oficinas trabalharam diferentes temáticas relacionadas a ciências e seu ensino. Imagem: Divulgação

  

METODOLOGIA APLICADA – Em três semanas de outubro, foram ministradas 30 oficinas, de participação voluntária, em que foram apresentados dois experimentos envolvendo a metodologia investigativa no ensino de ciências. Algumas das atividades ocorreram em ambientes virtuais da UnB, com apoio do Centro de Ensino a Distância (Cead) e da coordenação da Universidade Aberta do Brasil (UAB) na UnB.

 

Depois de ampla divulgação das oficinas em escolas de ensino básico do DF, 1.553 estudantes se inscreveram. No entanto, como muitos não conseguiram se conectar à internet, o professor Olavo acredita que por volta de 700 acompanharam as atividades.

 

O coordenador da especialização espera que a série de oficinas seja a primeira de diversas ações de extensão com objetivos similares e que iniciativas como essa possam ser cada vez mais bem sucedidas.

 

"Eu mesmo ofertei uma oficina, para sentir o evento, junto com mais dois professores. Posso dizer, a partir da experiência de nossos professores cursistas e da minha própria, que o evento foi muito importante, não só para começarmos a introduzir essa forma de ensinar ciências, como para conscientizar os alunos de que a ciência pode ser algo prazeroso de se aprender. Ouvi muito isso na minha oficina", compartilha.

 

O professor Olavo Leopoldino diz que uma das maiores dificuldades na formação em ciência é o abismo entre o que é desenvolvido na universidade e o que é aplicado de fato no ensino básico: "O C10, por meio de seus professores cursistas, cria essa ponte entre os dois níveis de ensino, de modo que eles possam influenciar-se mutuamente, com a academia desenvolvendo metodologias, analisando-as e os professores participando deste processo e aplicando essas metodologias".

 

"A estratégia de uma abordagem prática, focada na metodologia do ensino por investigação, termina por qualificar excepcionalmente os professores, justamente por os posicionar como este importante elo entre a academia e o ensino básico. Com isso, rompe-se o referido abismo, e os professores podem manter-se sempre atualizados com novas metodologias e técnicas de ensino, ao mesmo tempo que a academia permanece sendo alimentada com dados do mundo real, inclusive relativos às carências (e dificuldades derivadas delas) no ensino público básico", completa o docente.

A professora do ensino básico Dayane de Sales Ferreira cursa a especialização e reconhece as contribuições para sua formação docente. Foto: Arquivo pessoal

 

NOVA PERSPECTIVA DE FORMAÇÃO  Uma das professoras cursistas é Dayane de Sales Ferreira, que leciona Ciências Naturais no Centro Educacional Irmã Maria Regina Velanes Regis, em Brazlândia (DF). Segundo ela, a experiência da especialização tem sido muito rica.

 

"Os professores nos têm apresentado literatura e métodos de ensino que não tive conhecimento durante a minha formação de Ciências Biológicas em uma faculdade particular. Tem sido importante, já que minha visão como universitária mudou com o passar dos anos e com a atuação em sala de aula. O C10 nos tem dado exatamente essa experiência: a de aplicar em sala de aula o que aprendemos teoricamente no decorrer do curso", afirma.

 

A professora do ensino básico ressalta ainda que as oficinas realizadas durante o curso foram essenciais para que vivenciasse a aplicação prática dos conteúdos. "Nas últimas semanas, tivemos a oportunidade de realizar oficinas, que foram abertas para os alunos desde o quinto ano do ensino fundamental até o terceiro ano do ensino médio. E este momento de oficina foi de suma importância para nós cursistas. Foi a nossa melhor oportunidade de aplicar o objetivo do C10, que é praticar o ensino de ciências por meio da atividade investigativa", avalia.

 

Quem também pôde aproveitar o momento de aprendizado foram os estudantes das escolas. Na avaliação de Dayane, o retorno quanto à atividade foi positivo. "Neste momento, em que muitos alunos infelizmente não possuem acesso à opção de ensino on-line, a opção de realizar uma oficina, para a qual os alunos vieram com real interesse e curiosidade pelo que foi praticado, foi primordial para a nossa formação e prática, assim como receber o feedback dos alunos em nossos encontros. Foi gratificante saber o quanto eles puderam aprender de forma divertida e diferente daquela que recebem em sala de aula", declara.

 

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