OLIMPÍADA BIÔNICA

Competição internacional reúne grupos que desenvolvem tecnologias para aperfeiçoar a reabilitação de pessoas com deficiências motoras

Grupo de pesquisa da UnB levará à competição tecnologia que permite a estimulação do sistema nervoso para movimentação de membros paralisados. Foto: Arquivo pessoal

 

A Universidade de Brasília vai representar o Brasil na Cybathlon 2020. Na competição internacional, conhecida como a Olimpíada Biônica, pessoas com deficiências físicas disputam entre si em seis categorias distintas utilizando sistemas de tecnologias assistivas de última geração. 

 

A segunda edição reúne 70 equipes de 23 países e acontece nesta sexta (13) e sábado (14), com transmissão ao vivo por meio de plataforma exclusivamente criada para o evento. O grupo de pesquisa da Universidade de Brasília Empoderando Mobilidade e Autonomia (EMA) participa com equipe na categoria Corrida de Bicicleta por Estimulação Elétrica Funcional.

 

“Na categoria que a gente participa, pegamos pessoas que não têm o movimento voluntário das pernas, e com esta técnica de eletroestimulação funcional, fazemos um atalho entre o cérebro e o membro paralisado da pessoa. Fazendo isso de uma forma coordenada e com um sistema elaborado, juntando sensores, computação e algoritmos bem avançados, a gente consegue ativar os músculos de forma coordenada e produzir uma pedalada”, explica Roberto de Souza Baptista, professor da Faculdade UnB Gama (FGA) e coordenador do grupo de pesquisa.

 

Única representante brasileira na competição, a equipe EMA desenvolve tecnologias assistivas com pesquisas de ponta para capacitar a mobilidade e a autonomia de pessoas com restrições motoras. Os estudos têm o envolvimento de profissionais da saúde, engenheiros, membros da sociedade esportiva e pacientes. No período entre as duas edições do Cybathlon, os integrantes concentraram-se na integração de tecnologias que permitem intervenção no sistema nervoso para realização de atividade com membros paralisados.

 

Estevão Lopes, educador físico e atleta paralímpico, é o piloto da equipe. Ele já participou da primeira edição do Cybathlon, em 2016, e conta que fazer parte da competição é um marco. “Para mim, é surreal, mesmo sendo um atleta de alto rendimento em outros esportes. Dizer que um cadeirante, que não mexe as pernas, pedala uma bicicleta é impactante”, conta.

 

 

Outro aspecto que surpreende Estevão é a melhoria da qualidade de vida, por participar dos estudos de estimulação elétrica funcional. “É um resgate da autoestima ver que a minha perna não perde músculos como geralmente acontece com outros cadeirantes. Desde que comecei a participar do projeto, ganhei mais de 20 centímetros de hipertrofia”, comemora o atleta.

 

Circulação, qualidade óssea, cicatrização e temperatura da pele também são melhorias que o atleta elenca na lista de transformações ocorridas após o uso da eletroestimulação.

O paratleta Estevão Lopes (centro) competiu na Cybathlon em 2016 como piloto da equipe EMA e repete a participação na edição de 2020. Foto: Arquivo pessoal

 

VIDA REAL – A Cybathlon reúne as mais avançadas tecnologias em neuroengenharia em um formato competitivo. Os equipamentos utilizados pelos atletas e pilotos são resultado do trabalho desenvolvido em centros de pesquisa em todo o mundo e representam perspectivas de maior mobilidade para pessoas com deficiências físicas.

 

No entanto, a distância entre as tecnologias desenvolvidas e apresentadas em congressos científicos e o uso na vida real por parte da população em geral é uma das preocupações dos organizadores da competição. Por isso, as provas realizadas envolvem ações do cotidiano.

 

“A corrida de prótese de perna robótica simula uma pessoa que sai de casa e tem que fazer um percurso. É como se fosse uma corrida de obstáculos que tem escada, terreno irregular, ações como sentar e levantar de uma poltrona. As provas são pensadas para testar e levar a tecnologia ao limite, para uma situação onde ela poderá ser usada no cotidiano”, explica Roberto Baptista.

 

EXPECTATIVA – Na primeira edição do evento, em 2016, a EMA classificou-se para a final e ficou em oitavo lugar na categoria Ciclismo Assistido por Eletroestimulação. Este ano, a intenção é melhorar o feito.

 

“As minhas expectativas são as melhores. Para mim, já é um marco estarmos participando pela segunda vez e sendo elogiados pela segurança e pelos protocolos. Mas, eu, como atleta de alto rendimento, não quero só participar. Quero estar entre os melhores e trazer esse título para Brasília e para o Brasil”, finaliza Estevão Lopes.

 

SERVIÇO

Cybathlon 2020

Dias 13 e 14 de novembro

Transmissão ao vivo em www.cybathlon.ethz.ch

 

Leia também:

>> Servidora do Instituto de Letras, Lucinéia Gonçalves recebe título de Mérito Universitário

>> Reitora da UFRJ visita espaço de inteligência de combate à covid-19

>> Pesquisa da Sociologia analisa condições do ensino remoto emergencial em escolas do DF

>> Cepe inicia discussão sobre próximos semestres letivos da Universidade de Brasília

>> DPG realiza ciclo de webinários sobre Capes PrInt

>> Em disciplina integrada à pesquisa contra covid-19, estudantes monitoram casos da doença no DF

>> UnB lança edital para ingresso por meio do Enem

>> SIGAA chega em breve para a pós-graduação lato sensu

>> Premiação destaca melhores dissertações e teses da UnB

>> Técnicos e docentes trabalham juntos para o sucesso da UnB em tempos de pandemia

>> Critérios para participar de testes da vacina chinesa no HUB são ampliados

>> A teoria vivida: antropóloga Mariza Peirano torna-se professora emérita da UnB

>> Campanhas de solidariedade da UnB continuam contando com você

>> Webinário apresenta à sociedade projetos de combate à covid-19

>> Copei divulga orientações para trabalho em laboratórios da UnB durante a pandemia de covid-19

>> Coes publica cartilha com orientações em caso de contágio pelo novo coronavírus

>> UnB cria fundo para doações de combate à covid-19  

ATENÇÃO – As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seus conteúdos. Crédito para textos: nome do repórter/Secom UnB ou Secom UnB. Crédito para fotos: nome do fotógrafo/Secom UnB.