Wellington Moreira é professor de Biologia no Colégio Estadual Professora Ester da Cunha Perese, em Luziânia (GO). O interesse em aprimorar o ensino de conteúdos na área o motivou a ingressar, pela UnB, no Ciência é 10! (C10), programa de especialização (pós-graduação lato sensu) em ensino de ciências a distância. A iniciativa visa oferecer ferramentas e conteúdos para agregar à qualidade das iniciativas em sala de aula de escolas públicas e privadas brasileiras, e tem como base a investigação e a reflexão das práticas pedagógicas.
A experiência do curso, desenvolvido de 2019 a 2022, rendeu a realização de pesquisas translacionais, em caráter interdisciplinar e com mediação de tecnologias digitais, voltadas à melhoria do ensino em ciências na educação básica, sobretudo no Distrito Federal e na região Centro-Oeste.
Após passar pelo programa, Wellington se reconhece como um novo docente. Segundo ele, a experiência no curso e o grupo envolvido (professores, coordenadores, tutores e demais) abriram seus olhos em relação a como ensinar os conceitos científicos de maneira prática, inteligível e didática. “Aprendi com os professores que a Universidade sempre estará lá quando precisarmos dela e que eles estão sempre à disposição para que nos tornemos profissionais de excelência”, relata.
À época lecionando em Goiânia, Wellington focou seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na reflexão sobre estratégias de ensino em outra área de interesse: a física. Em sua monografia, intitulada Investigação no ensino de ciências: as propriedades físicas do ar com atividades experimentais nos anos finais do ensino fundamental, o docente discutiu como as atividades investigativas auxiliaram na aprendizagem significativa de conhecimentos físicos em uma escola pública de Goiânia.
Ele constatou que as estratégias, pautadas no envolvimento dos alunos em experimentos com materiais de baixo custo, como a construção de um carrinho movido pelo ar liberado por um balão sendo esvaziado, permitiram a compreensão dos conceitos da área de forma simples e acessível.
"Percebeu-se, neste estudo, que as atividades experimentais auxiliam na compreensão e na promoção de um ambiente escolar que relaciona as atividades do cotidiano dos estudantes aos conhecimentos científicos, estimulando a investigação e viabilizando a alfabetização científica, tornando o processo de aprendizagem potencialmente significativo", aponta no trabalho, cujos resultados foram divulgados, em coautoria com pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Física, na revista Experiências em Ensino de Ciência.
Os impactos de outras pesquisas e práticas de ensino que resultaram do C10 também podem ser conferidos na atual edição da revista científica Physicae Organum. Para concluir o ciclo de atividades do programa, 20 Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) dos professores-cursistas, como são chamados os participantes, foram selecionados para compor o oitavo volume da publicação, editada pelo Instituto de Física (IF) da UnB.
Nos artigos são divulgados os desdobramentos das experiências dos cursistas e o impacto delas em sala de aula, a fim de incentivar outros professores e escolas a tornarem o ensino de ciências cada vez mais lúdico, dinâmico e inspirador. Para isso, foi utilizada linguagem acessível nas monografias.
“Temos o passo a passo [das práticas], a sequência do que deve ser feito, ou como foi feito, e como seria melhor fazer. Inclusive, com críticas do que não deu certo, e sempre contextualizando”, explica Marcello Ferreira, professor do Instituto de Física (IF) e um dos responsáveis pelo programa na Universidade.
As monografias publicadas são resultado de estudos desenvolvidos ao longo de 18 meses sob supervisão de especialistas na área, que deixaram contribuições e auxiliaram na prática de ensino escolar. Os trabalhos abordam desde pesquisas com DNA vegetal até sobre a esfericidade da Terra e a veracidade da ingestão de substâncias ácidas contra a covid-19.
Realizada em conjunto com os alunos do PET Física, a edição também contou com colaboração do pós-doutorando de Física Marcos Costa, que estuda letramento científico e auxiliou como editor associado. A publicação dos artigos abre oportunidade para que outros profissionais da área possam se inspirar com a aplicação destes conhecimentos.
C10 NA UnB – O Ciência é 10! é uma iniciativa do Ministério da Educação (MEC), por meio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O programa abrange 20 instituições de ensino superior em todo o Brasil.
Na Universidade de Brasília, o C10 foi incorporado pelo Instituto de Física (IF) e pelo Centro de Educação a Distância (Cead), sendo encabeçado pelos professores do IF Olavo Filho e Marcello Ferreira. O curso esteve voltado para professores de ciências, principalmente dos anos finais do ensino fundamental, mas também teve adesão de docentes do ensino médio.
“O público habitual são os professores de ciências, ou das disciplinas específicas de ensino: Física, Química e Biologia, excepcionalmente, Matemática", explica Olavo Filho.
Com o lema Redimensionando a prática docente em ciências dentro e no entorno das situações cotidianas das salas de aulas de ciências, o Ciência é 10! ofereceu um total de 480 horas de aula e contou com 124 ingressantes na UnB. Estruturado de forma interdisciplinar, considerando situações práticas vivenciadas no cotidiano escolar para o ensino de ciências, o curso foi organizado em quatro eixos temáticos: Vida, Ambiente, Universo e Tecnologia.
Contribuir na qualificação dos professores da educação básica na perspectiva da gestão democrática e da efetivação do direito de aprender com qualidade social, e também para a efetiva mudança das dinâmicas de sala de aula, são perspectivas previstas na proposta pedagógica.
Para Marcello Ferreira, um dos desafios para a aplicação dos conhecimentos do curso foi a pandemia: “os professores-cursistas tiveram prejuízos ou impedimentos para executar plenamente a proposta pedagógica do curso devido ao ensino remoto na educação básica”. Outra limitação foi a impossibilidade de realizar atividades nos três polos presenciais – Asa Norte e Planaltina (ambos no Distrito Federal) e Goiânia –, como previsto originalmente, o que afetou o engajamento dos cursistas.
Ainda assim, ele ressalta os aspectos positivos da experiência, com a introdução de perspectivas interdisciplinares e fundamentadas em tecnologias digitais, “o que ampliou as possibilidades e até mesmo as competências do Instituto de Física e de seus professores para a oferta de formação continuada de professores de ciências nessas bases”.
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