RECONHECIMENTO

Pioneiro da Universidade a obter honraria, Brenno Amaro é homenageado por pesquisas para desenvolvimento de bioestimulantes e biofertilizantes   

O Prêmio de Inovação Fernando Galembeck homenageia inovações tecnológicas em química. Na imagem, à esquerda, a tecnologia arbolina – bioativo cuja criação é assinada por Brenno Amaro. Foto: André Gomes/Secom UnB

 

Professor do Instituto de Química (IQ) da Universidade de Brasília, Brenno Amaro foi escolhido pela Sociedade Brasileira de Química (SBQ) para receber, em 2021, o Prêmio SBQ de Inovação Fernando Galembeck. É a primeira vez que a UnB tem um representante homenageado com a honraria. A indicação para que o docente concorresse foi feita pelo Conselho do IQ e aprovada por unanimidade pela equipe, que viu na atuação de Brenno em pesquisas, de apelo social e econômico, com bioestimulantes e biofertilizantes um potencial de reconhecimento para a UnB. 

 

Criado em 2006, o prêmio homenageia a competência e a capacidade inovadora e reconhece a atuação dos pesquisadores na ciência e tecnologia nacionais. A premiação é concedida a cada dois anos e, desta vez, ocorrerá no dia 24 de novembro, durante a 44ª Reunião Anual Virtual da SBQ, que será realizada de forma virtual entre os dias 15 e 26 do mesmo mês.  

 

Agradecido pela indicação, o homenageado declara: “Esta premiação é um grande feito em termos pessoais e é ainda mais importante em termos institucionais. É o prestígio que traz para a UnB e para o IQ. É uma declaração para o mundo científico de que no Instituto de Química da UnB se faz inovação com grande qualidade”. 

 

Brenno Amaro iniciou carreira docente na UnB em 2009. Ele conta que, desde que chegou à instituição, todas as direções do Instituto de Química se prontificaram a apoiar trabalhos de inovação. Há dez anos, ele dedica-se a pesquisas com materiais nanométricos. Entre seus projetos de destaque, está o voltado à produção da arbolina, uma nanopartícula com efeito bioestimulante e biofertilizante que aumenta a produtividade nas lavouras. A tecnologia, assinada pelo docente, foi desenvolvida nos laboratórios da UnB e validada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) . 

 

>>>Relembre: UnB faz biofertilizante ‘do futuro’

 

O professor é um dos fundadores da Krilltech, empresa especializada em nanotecnologia do ramo do agronegócio (AgTech) que aposta na arbolina como biofertilizante do futuro. O produto é puro, atóxico, não bioacumulável e luminescente, capaz de aumentar a produção e enriquecer a qualidade nutricional do alimento.  

 

"Apesar de ser uma honraria individual, o prêmio é fruto de um trabalho em equipe muito forte, o qual prezamos na Krilltech. Ser inédito para a instituição é um indicativo que o trabalho de mudanças de paradigmas [em relação à inovação e tecnologia] que começamos em 2011, juntamente com o professor Marcelo Rodrigues (IQ), está rendendo os seus primeiros frutos", afirma Brenno Amaro. 

 

Para o diretor do IQ e presidente do Conselho do Instituto da UnB, Marcos Juliano Prauchner, a escolha do docente pela SBQ “mostra que o Instituto de Química e a Universidade estão sendo bem sucedidos na tarefa de aproximar suas pesquisas do setor produtivo, com a realização de ciência de alta qualidade associada à produção de inovação e tecnologias”. 

 

O diretor ressalta que a homenagem a Brenno Amaro “trata-se de mais uma grande oportunidade de mostrar à sociedade a importância do estímulo e do investimento na pesquisa e na inovação que, em sua esmagadora maioria, no Brasil, são realizadas dentro das universidades públicas”. 

Na opinião de Brenno Amaro, é oportuno que cientistas equilibrem a ciência de base e a aplicada. “Quando ambas deram as mãos, é que chegamos ao sucesso”, relata. Foto: Arquivo pessoal

 

PESQUISAS – O homenageado observa que é estimulante para os estudantes terem em sala de aula um professor e pesquisador reconhecido em premiações como essa. “A curiosidade e as perguntas sobre as tecnologias se tornam comuns. Desta maneira, é possível estimular uma nova geração a trabalhar com inovação”, acredita Brenno. “Muitos [discentes] têm uma vocação notória para este fim. O Brasil precisa muito de novos e novas pesquisadores e pesquisadoras atuantes em áreas tecnológicas.”

 

As pesquisas do professor são centradas em duas áreas principais: na investigação de mecanismos de reações multicomponentes e aplicações biológicas de seus derivados; e na síntese de sistemas fotoluminescentes e bioimageamento.

 

Ele avalia que “a compreensão da ciência de base é fundamental para a ciência aplicada” e que, no trabalho coordenado por ele no laboratório do IQ, foi possível perceber que a união dos dois eixos é essencial para o desenvolvimento dos estudos.  

 

“Foram todas as experiências que tivemos com estas duas linhas de pesquisa que nos ajudaram no desenvolvimento da arbolina, que é fruto de anos de estudos em ciência básica e aplicada”, conta. 

 

Brenno Amaro já dispunha de conhecimento em materiais fluorescentes e bioimageamento quando iniciou sua produção científica na UnB. Em 2011, com a chegada ao IQ do professor Marcelo Rodrigues, que começou a produzir nanomateriais de carbono, os dois docentes uniram suas qualificações e iniciaram pesquisas com materiais nanométricos. As expertises de Brenno permitiram que fossem feitas modificações de superfícies nos materiais de carbono que Marcelo produzia. 

 

No início, utilizavam estrume de vaca como fonte de carbono, que era transformado em partículas nanométricas. Na avaliação de Brenno Amaro, elas tinham um valor tecnológico muito grande. Em 2015, pesquisadores da Embrapa viram que as propriedades dessas partículas poderiam ocasionar respostas positivas em alguns cultivos de plantas. Foi o começo da parceria entre a UnB e a Embrapa que resultou na patente e no licenciamento da arbolina.

 

*estagiária de Jornalismo na Secom/UnB.

 

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