Uma pesquisa realizada pelo Centro de Referência sobre Drogas e Vulnerabilidades Associadas da Faculdade UnB Ceilândia (CRR/FCE) traçou uma relação entre uso de drogas e suicídios cometidos no Distrito Federal. O estudo, publicado na revista BMC Psychiatry, analisou 1.088 casos ocorridos entre os anos de 2005 e 2014.
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Por meio de análise toxicológica após a morte, foi verificado em quais casos houve ou não uso de álcool ou outras drogas antes do indivíduo cometer suicídio e características associadas ao ato.
O trabalho mostrou que o aumento da taxa de suicídio no período foi dez vezes maior que o crescimento populacional do DF e que quatro em cada dez pessoas tinham usado álcool ou outra droga antes de morrer. Entre os que usaram alguma substância psicoativa, 72% usaram álcool, 56% usaram outra droga, em especial cocaína, e 22% usaram tanto álcool quanto outra droga.
A maioria dos suicídios analisados no estudo foram cometidos por homens e a maior parte dos casos investigados ocorreram em casa e nas faixas etárias entre 30 e 59 anos, seguida pelos jovens entre 18 e 29 anos. Entrevistas com familiares apontaram mudança de comportamento antes da morte, como depressão e agressividade.
O enforcamento foi o método mais utilizado e as possíveis razões foram problemas com álcool ou outras drogas, crime ligado a relacionamentos e transtorno mental prévio, como ansiedade e depressão. “Os resultados estão alinhados com as tendências internacionais, mas chama atenção o fato de que a maioria das pessoas que se suicidaram e tinham histórico de tentativas anteriores não havia usado álcool ou outras drogas antes de cometer o suicídio”, diz Andrea Gallassi, coordenadora do grupo de pesquisa e professora de Terapia Ocupacional na FCE.
Segundo a pesquisadora, esses achados são importantes para se pensar em políticas de prevenção ao suicídio voltadas para o público de maior risco. “Todos os anos tem o Novembro Azul focado no câncer de próstata. Precisamos avançar, falar em saúde mental dos homens. Tem que falar que homem sofre, tem depressão e dificuldade de lidar com sentimentos”, disse.
Andrea defende que uma das principais estratégias seria a capacitação das equipes de saúde da família que trabalham na atenção primária do SUS. Ela ressalta que é preciso questionar os familiares sobre casos de transtornos mentais, tentativas anteriores, dependência de álcool e outras drogas e, identificado o problema, encaminhar o paciente ao Centro de Apoio Psicossocial (Caps).
APOIO – A Universidade de Brasília promove iniciativas para acolher a comunidade acadêmica quando em situações de sofrimento psicológico. Apoio profissional pode ser encontrado na Diretoria de Atenção à Saúde da Comunidade Universitária (Dasu), vinculada ao Decanato de Assuntos Comunitários (DAC), e no Centro de Atendimento e Estudos Psicológicos (Caep), do Instituto de Psicologia (IP). A Dasu dispõe de práticas de saúde e bem-estar, rodas de conversa, grupos de escuta, além de outras ações voltadas ao cuidado da saúde mental e física. Já o Caep oferece atendimento psicológico, com vagas limitadas.
Outros serviços de acolhimento a públicos específicos, como comunidade LGBTQIA+, mulheres e beneficiados dos programas de assistência estudantil, podem ser encontrados na Secretaria de Direitos Humanos (SDH) e na Diretoria de Desenvolvimento Social (DDS).
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