NO DARCY RIBEIRO

Estudantes dos ensinos superior e médio de oito instituições apresentaram pesquisas ao longo da semana. Evento teve novidade na avaliação de trabalhos

Centro Comunitário Athos Bulcão foi tomado pela ciência. Mais de 2.500 pessoas participaram do evento, seja apresentando pôsteres, avaliando os trabalhos ou como espectadores. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

Mais de 2.500 estudantes, docentes e técnicos de oito instituições de ensino superior do Distrito Federal e Entorno, além de público em geral, movimentaram o Centro Comunitário Athos Bulcão da Universidade de Brasília (UnB), no campus Darcy Ribeiro, esta semana para apresentar e conferir trabalhos de iniciação científica em diferentes áreas do conhecimento. As apresentações foram parte do 28º Congresso Anual de Iniciação Científica da UnB e 19º do Distrito Federal. 

 

Além da UnB, participaram do evento, de quarta (9) a sexta-feira (11), a Universidade Católica de Brasília (UCB), o Centro de Ensino Unificado de Brasília (Ceub), o Instituto de Ensino Superior de Brasília (Iesb), os institutos federais de Brasília (IFB) e de Goiás (IFG), a Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS) e o Centro Universitário do Distrito Federal (UDF).

 

A programação de cada dia do congresso foi dividida entre os temas Saúde e Vida, Artes e Humanidades e Exatas e Engenharias. No total, 2.100 trabalhos de alunos de graduação e do ensino médio puderam ser conferidos. Os estudantes expuseram pôsteres e explicaram suas pesquisas em até dez minutos a avaliadores, responsáveis por escolher os melhores trabalhos para premiação.

 

Diretor do Programação de Iniciação Científica (Proic) da UnB, Sérgio Granemann ressaltou a importância da aproximação entre as instituições para que os discentes possam compartilhar suas pesquisas e consolidar redes científicas. “Tanto politicamente quanto institucionalmente nós ganhamos força ao nos unirmos. Esse intercâmbio de experiências entre alunos, docentes e faculdades pode resultar em parcerias e permite maior visibilidade para o que é produzido. Além de ser uma prestação de contas pelas universidades."

 

Quanto ao impacto da iniciação científica entre os estudantes, Sérgio enfatizou os ganhos para a formação acadêmica, sobretudo para quem deseja continuar pesquisando na pós-graduação. "A iniciação científica é positiva para a universidade, mas ainda mais positiva para os estudantes que iniciam suas práticas de aquisição de conhecimento e de fazer ciência. Isso tem um diferencial enorme no tempo que eles estão na universidade porque complementa o currículo dos cursos tradicionais. Os alunos que saem da iniciação científica possuem muito mais facilidade para fazer mestrado, doutorado do que quem não faz", pontuou.

Micaele Bastos, estudante de Terapia Ocupacional da UnB: "É muito importante para mim ver tantos trabalhos relevantes com tantas temáticas diferentes nesse evento. É um momento único para nós universitários". Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

Aluna do curso de Terapia Ocupacional da UnB, Micaele Bastos participa da iniciação científica e teve a oportunidade de transformar sua vivência pessoal como mulher negra em pesquisa. “O meu projeto é sobre a memória das adolescentes e mulheres negras em relação às experiências afetivas. Entendemos que marcas de racismo e sexismo interferem diretamente nas nossas vivências afetivas. Fizemos entrevistas com várias mulheres negras e sugerimos projetos de educação para fortalecimento desse grupo”, relatou ela, que expôs pôster no congresso. 

 

Bruna Arese e Natália Vieira, alunas do curso de Medicina do Ceub, também participaram do evento e compartilharam a experiência de apresentar seus trabalhos. “Fiquei um pouco nervosa, porém foi um momento muito gratificante, principalmente após o longo processo de pesquisa. Além disso, pudemos ver e ter esse momento de partilha entre outros trabalhos e outras instituições”, contou Bruna. “A experiência de estar presencialmente aqui também é muito boa. Todos os trabalhos que apresentamos nos últimos tempos foram on-line [por conta da pandemia], e aqui pudemos ter essa presença em espaço físico. A iniciação [científica] também abriu portas para outras pesquisas que quero realizar. Essa área científica me atraiu bastante”, expressou Natália.

 

INOVAÇÕES – Os dois anos de pandemia da covid-19 levaram a organização do Congresso de Iniciação Científica a procurar alternativas tecnológicas que permitissem a realização do evento on-line. Criou-se então um canal no YouTube que reuniu a apresentação de todas as pesquisas em 2020 e 2021. Os professores que participaram na condição de avaliadores fizeram esse trabalho também de maneira remota.

As alunas Natália Vieira e Bruna Arese tiveram o primeiro contato com a pesquisa via Proic, e se sentem mais preparadas para a vida acadêmica. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

Com o retorno presencial das atividades acadêmicas na Universidade, decidiu-se por manter as duas dinâmicas: postar trabalhos no YouTube e fazer as avaliações com o auxílio da tecnologia.

 

“Antes, a avaliação era feita com papel. O avaliador pegava aquele monte de papéis com os resumos dos trabalhos e ia assistir apresentação. Agora não, ele só faz um check-in com a leitura do QR Code e é jogado diretamente no sistema, aí ele já faz a escolha do trabalho que quer avaliar e já dá as notas automaticamente enquanto escuta a apresentação. E nós temos, assim, uma rapidez e maior confiabilidade também no que estamos fazendo”, explicou Sérgio Granemann.

 

Com a novidade, é possível acompanhar as atividades em tempo real. O sistema possui cinco categorias divididas por cores diferentes, que indicam quanto dos espaços reservados foi de fato ocupado pelos pôsteres de alunos, quais estão desocupados porque o estudante faltou, quais estão prestes a serem julgados, quais estão sendo avaliados naquele momento e quais já encerraram esta etapa. Dá para verificar essas situações por área do conhecimento também, caso queira.

 

E, no topo da tela, ficam em evidência os campos que trazem quantos trabalhos foram indicados para receber menção honrosa e quantos foram recomendados para o Prêmio Destaque.

 

“Isso trouxe várias vantagens em relação ao modelo anterior, porque em geral a gente levava três horas e meia, quatro horas, para fazer a avaliação em um determinado período, matutino ou vespertino. Agora, nós estamos demorando no máximo duas horas e meia, então começa 8h30, às 10h já acabamos todas as apresentações, e os alunos ficam mais um pouco para ir conversando e fazendo a interlocução com as pessoas da sua área”, afirmou o docente.

Sérgio Granemann mostra o sistema implementado para avaliação dos trabalhos, novidade desta edição do congresso. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

“Tivemos um feedback muito positivo, os avaliadores gostaram da forma de avaliação, que foi mais rápida e mais produtiva. E o aluno teve a oportunidade de apresentar o trabalho para mais pessoas também”, acrescentou Aletho Alves, colaborador responsável pela implantação do sistema no Congresso.

 

AVALIAÇÃO – Veterana na atuação como avaliadora, a professora de Enfermagem da Faculdade UnB Ceilândia Casandra Ponde de Leon aprovou o novo sistema. “Este ano é tudo informatizado, é mais rápido e não gastamos papel, no sentido de manter a consciência ecológica, protegendo a natureza”, comentou.

 

No julgamento dos trabalhos, que dura dez minutos para cada estudante, estão presentes itens como a atualidade do material, a clareza das informações, o domínio sobre o tema e a capacidade de responder perguntas sobre o que estudaram, bem como se o apresentador consegue discorrer sobre a pesquisa no tempo determinado.

 

“Fico feliz em ver tantos trabalhos fantásticos em todas as áreas. Parabenizo não só os estudantes, mas os orientadores também, e não só da UnB, mas também das outras instituições que estão aqui”, celebrou Casandra.

 

Nesta 28ª edição do Congresso de Iniciação Científica da UnB e 19ª do DF, doutorandos da Universidade de Brasília foram convidados a participar deste processo. Estreante na posição de avaliadora, a doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo Juliana Ozelim recomendou a experiência.

 

“Foi muito interessante, porque conhecemos novos trabalhos além do que estamos estudando na nossa própria pesquisa e voltamos um pouquinho no nosso passado de graduando. Acabamos pesquisando, vendo novos referenciais, pesquisas interessantes. E também pegamos essa experiência de avaliador, de professor, de conversar com novos alunos... perdemos um pouquinho da timidez com os alunos”, conta a estudante, que está no segundo semestre do curso.

 

“Gostei bastante. É legal ver a carinha dos alunos sendo avaliados, aquele nervosismo que a gente também fica quando é avaliado. Eu ficava assim: ‘gente, eu estou no seu lugar também. Então relaxe, está tranquilo, não precisa ficar nervoso, está todo mundo no mesmo barco’”, rememorou.

 

Vinícius Venancio, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social e professor voluntário, também embarcou na experiência e ficou surpreso com a qualidade dos materiais apresentados pelos estudantes de graduação e ensino médio no congresso.

 

“Hoje eu estou avaliando trabalhos de iniciação científica aqui na UnB e acabei indicando quase todos para menção honrosa! Como o pessoal está produzindo ciência de ponta!!!”, exclamou.

 

CONSOLIDAÇÃO E RESULTADO – Na próxima semana, consultores do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) se reunirão para escolher, dentre os recomendados pelos avaliadores, quais trabalhos receberão o Prêmio Destaque. Se houver indicações em todas as categorias, haverá 12 premiações. As menções honrosas já foram definidas nos dias do congresso.

 

“Os indicados ao prêmio devem ter nota máxima em todos os quesitos da avaliação do pôster. Já os trabalhos agraciados com a menção honrosa tinham que ter no mínimo 40 pontos de um total de 50 pontos na avaliação”, detalha o diretor do ProIC.

 

A cerimônia de premiação está marcada para 8 de dezembro, às 15h, no auditório do Iesb, campus Edson Machado.

 

Confira entrevista com Sérgio Granemann sobre o congresso e a participação de estudantes na iniciação científica:

 

Leia também:

>> Direção do Instituto de Artes toma posse

>> UnB lança concurso de fotografia em comemoração aos 60 anos

>> UnB assume presidência do Grupo Tordesilhas

>> Grande nome da sociologia, Luc Boltanski recebe título de Professor Honoris Causa

>> Entenda o que é o PDI, plano com diretrizes para atuação da UnB nos próximos anos

>> UnB tem 64 cursos com 4 e 5 estrelas no Guia da Faculdade do Estadão

>> Comissão do novo Plano Diretor apresenta avanços

>> Universidade terá fórum sobre inserção curricular da extensão

>> Placa em homenagem a Fausto Alvim é inaugurada no campus Darcy Ribeiro

>> Novos técnicos tomam posse na UnB

>> Henrique Malvar recebe título de Doutor Honoris Causa

>> UnB e empresa chinesa de biotecnologia iniciam parceria

ATENÇÃO – As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seus conteúdos. Crédito para textos: nome do repórter/Secom UnB ou Secom UnB. Crédito para fotos: nome do fotógrafo/Secom UnB.