O Parque Aquático William Passos do Centro Olímpico (CO), na Universidade de Brasília, já foi berço de vários atletas de alto rendimento que despontaram em competições nacionais e internacionais. Atualmente, o espaço atende cerca de 20 atletas da natação paralímpica e 70 dos saltos ornamentais. Entre eles, está o nadador Wendell Belarmino, que subiu três vezes ao pódio nos Jogos Paralímpicos em Tóquio. Estreante na competição, ele conquistou o ouro nos 50 metros nado livre masculino, ganhou a prata na prova de revezamento 4x100 metros livre misto e encerrou sua participação nos Jogos com bronze nos 100 metros borboleta – todos disputados na classe S11, para cegos.
Em 2019, Belarmino foi recordista nos 100 metros livres no Parapan-Americano de Lima, onde garantiu quatro medalhas de ouro e duas de prata. Antes de utilizar a estrutura do CO, o atleta fazia seus treinos em piscinas de 25 metros. Na UnB, teve a oportunidade de se preparar para a Paralimpíada em uma piscina de 50 metros, padrão adotado em grandes competições na modalidade.
Até o início da pandemia de covid-19, os treinos na instituição ocorriam seis vezes por semana. “Com os novos protocolos de segurança, fui poucas vezes à UnB. Mesmo assim, as poucas vezes que fui foram essenciais para pegar o ritmo de uma piscina de 50 metros”, assegura.
O nadador ressalta a importância de treinar no local. “É um espaço que possui estrutura que se assemelha à de uma grande competição em diversos aspectos: acessibilidade, saída de bloco, profundidade da piscina e, claro, o tamanho. Quanto mais próximo a gente estiver no dia a dia do que a gente encontra numa competição, maiores são as chances de conseguirmos os melhores resultados.”
A estrutura do Parque Aquático também foi utilizada por dois participantes das Olimpíadas de Tóquio na preparação para a competição. Dos saltos ornamentais, Luana Lira ficou em 21º lugar no trampolim de três metros e Kawan Pereira foi o 10º colocado na prova de plataforma – melhor resultado brasileiro na história dos Jogos.
Recentes melhorias no Parque têm favorecido que mais atletas possam usufruir do espaço para otimizar suas performances. “O CO já recebeu vários atletas que fizeram história em nosso país, mas desde o incentivo da Secretaria Especial do Esporte pudemos melhorar e modernizar a estrutura oferecida. Isso fez com que os principais atletas permanecessem em Brasília, ao invés de buscar outras cidades [para os treinos]”, observa Hugo Parisi, atleta olímpico de saltos ornamentais e coordenador do projeto Ampliação e Modernização do Centro de Excelência em Saltos Ornamentais da UnB, que prevê investimento em recursos tecnológicos e em estrutura.
“Estamos no momento em que outros atletas de nível mundial e olímpico estão nos buscando para treinar nas estruturas do CO. Acredito que a tendência de utilização de espaços públicos vai crescer, e assim, vamos fortalecer o esporte no Brasil”, estima Hugo Parisi.
Na opinião do coordenador do Centro de Excelência em Saltos Ornamentais (Ceso) da UnB, Alexandre Rezende, o espaço, disponível para os atletas no Parque Aquático do CO, “é precioso para a Universidade”, pois é possível “vincular pesquisas, produzir conhecimentos que possam ser aplicados nessa realidade esportiva e ampliar os resultados que eles [os atletas] têm com o programa de treinamento proposto”.
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A comunidade acadêmica também se beneficia da presença destes atletas na Universidade no âmbito da extensão universitária. “Alunos da Educação Física têm a oportunidade vivenciar o cotidiano de um treinamento de alto rendimento, vendo os atletas lá de segunda a sábado, quatro horas por dia, com uma equipe multidisciplinar de psicólogo nutricionista, fisioterapeuta, treinador e tudo que eles precisam”, relata Alexandre Rezende.
PARCERIAS – Os atletas de alto rendimento têm a possibilidade de se preparar para competições no CO graças a parcerias da UnB com a Confederação Brasileira de Saltos Ornamentais (CBSO) e o Instituto Pro Brasil (IPB).
“Essas iniciativas têm contribuído para formação de atletas, na medida em que fornecem uma condição adequada de treinamento com equipe multidisciplinar e estrutura física que tem os melhores equipamentos, similares ao que são encontrados nas competições internacionais”, ressalta Alexandre Rezende.
O coordenador do Centro de Excelência em Saltos Ornamentais conta que a criação do espaço possibilitou o amadurecimento da modalidade e o acompanhamento da consolidação da Confederação Brasileira de Saltos Ornamentais (CBSO), originada da antiga Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), a qual anteriormente administrava outros esportes aquáticos.
“A Confederação Brasileira de Saltos Ornamentais é uma entidade recente e a história dela se mistura um pouco com a história do Centro de Excelência em Saltos Ornamentais – é até um dos resultados dos impactos sociais relevantes dessa parceria. Ela chegou a dar ensejo à criação de uma entidade brasileira voltada para as questões específicas da modalidade”, explica.
Com a CBSO, Alexandre Rezende avalia que existe a busca por “uma autonomia e um protagonismo para aumentar a visibilidade da modalidade e, com isso, também o diálogo com instâncias internacionais” e que este movimento tem reflexos da parceria com a UnB.
Já o acordo entre UnB e IPB consiste no estabelecimento de uma estrutura jurídica que dá suporte às ações e às parcerias firmadas em modalidades aquáticas. O IPB é filiado ao Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) e atua na formação e manutenção de atletas de alto nível.
Em janeiro deste ano, a UnB também assinou com a Secretaria Nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social (Snelis) um Termo de Execução Descentralizada (TED) para difundir os saltos ornamentais no Brasil. Por meio do projeto Um Salto na Educação, a Universidade vai coordenar a abertura de dez núcleos de iniciação a saltos ornamentais, em todas as regiões do país. No momento, as contratações para início das atividades estão em curso.
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"Será um salto qualitativo e quantitativo no desenvolvimento da modalidade no Brasil. Desde que iniciamos as atividades com saltos orçamentais na UnB, já recebemos cerca de 400 atletas. Com este projeto, pretendemos alcançar 1.120 jovens", explica Ricardo Moreira, presidente da Confederação Brasileira de Saltos Ornamentais e professor voluntário da UnB.
ESTRUTURA – Para Alexandre Rezende, os bons resultados alcançados pelas modalidades aquáticas com o aproveitamento do Centro Olímpico estão alicerçados em cinco pilares. “A estrutura física, os recursos humanos, a ambiência dentro da modalidade, o apoio científico e um espaço de formação são os pontos chaves que trazem sucesso para qualquer modalidade”, opina.
Em termos de infraestrutura, os atletas usufruem de recursos tecnológicos e equipamentos similares aos encontrados nas disputas internacionais. Para a modalidade de saltos ornamentais, o CO dispõe de trampolins importados; uma máquina com bolha de ar, para amortecer a queda e evitar lesões; e água aquecida nas piscinas.
Há, ainda, um centro de treinamento a seco com trampolins, guindastes e fossos de espuma. Um sistema de imagens permite ao atleta assistir o salto logo após a execução. Recursos de fisioterapia, como tanque de gelo, dão suporte na recuperação física dos atletas. Na natação, os principais componentes encontrados no CO são os blocos de partida – semelhantes aos de competições de grande porte – e piscina de 50 metros.
O Centro Olímpico também disponibiliza equipe multidisciplinar para acompanhamento dos atletas e promove espaço de interação e intercâmbio para proporcionar uma vivência com a cultura da modalidade e impulsionar a participação em competições locais, regionais e nacionais.
Rezende visualiza, ainda, como vantagem de ter estrutura como essa incorporada à Universidade, "a formação de novos recursos humanos que agregamos como sendo o interesse da Universidade nesse processo como um todo".
*estagiária de Jornalismo na Secom/UnB.
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