Em cerimônia virtual realizada na última sexta-feira (13), a Universidade de Brasília outorgou o título de Professora Emérita à Maria Auxiliadora César, docente aposentada do Departamento de Serviço Social (SER/UnB). Membro fundador do Núcleo de Estudos Cubanos (Nescuba/CEAM), Dora, como é conhecida pelos colegas, imprimiu na sua vida acadêmica valores que carrega consigo.
O título de professora emérita é concedido àquelas docentes que, aposentadas na Universidade, tenham alcançado uma posição eminente em atividades universitárias. A honraria foi outorgada pela resolução do Consuni nº 16/2020.
"Minha mãe se dedicou a transformar este país em um local mais justo e solidário. É uma pessoa da teoria e da prática, mais coerente impossível", disse a filha Luciana, em vídeo, acompanhada por Gabriela e Torres, neta e genro da homenageada.
Outro filho da professora Maria Auxiliadora César, Álvaro, acompanhado de Suzana e Luca (netos da emérita), também gravou vídeo de homenagem. O mesmo foi feito por Eliana e Diana, filha e neta da docente. A família destacou a influência de Dora na formação em seus valores pessoais e opções de vida. Entre os reconhecimentos, estão a inspiração diária e o gosto pela política e militância. As características apontadas pela família também apareceram nas falas da comitiva de apresentação e da mais nova emérita.
Compuseram a mesa de honra a reitora Márcia Abrahão e a diretora do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Ceam), Viviane Resende. Ambas lembraram a contribuição continuada da emérita ao longo de seus quase 50 anos dedicados à Universidade de Brasília.
Fizeram parte da comitiva de honra sua irmã Carmen Lúcia Scherner; a docente aposentada e ex-orientadora Potyara Amazoneida Pereira; a professora do Departamento de Serviço Social (SER) Patrícia Pinheiro; a secretária da pós-graduação em Serviço Social Domingas Carneiro; a docente aposentada Maria Lúcia Leal; e o servidor aposentado do Ministério da Ciência e Tecnologia de Cuba Tirso Saenz.
A professora Maria Luiza Pereira fez a saudação à homenageada e apresentou aspectos relevantes de sua trajetória, lembrando, principalmente, seu trabalho como membro fundador do Nescuba e de sua contribuição – em forma de projetos, artigos, traduções, parcerias e publicações – para pensar um mundo justo e possível. A experiência de vida de Maria Auxiliadora foi marcada por uma alternância de experiências entre Cuba e Brasil, ajudando a "enraizar o Brasil no chão cubano", disse Maria Luiza.
Em seu discurso de agradecimento, a professora emérita reconheceu o papel de seus pais e de sua madrinha na ênfase que deram à sua educação. Ela lembrou também de sua família e de colegas que partilharam de sua trajetória pessoal, laboral e acadêmica, sem esquecer os grupos de militância e movimentos sociais e populares. "Sem coletivos, base da minha trajetória, não seria possível construí-la fundamentada no conhecimento apreendido através do diálogo, intersetorialidade e da interdisciplinaridade."
TRAJETÓRIA – Nascida em Cuiabá (MT), Maria Auxiliadora estudou em escola pública. Seu interesse por temas relacionados à justiça social teve origem na aproximação com o trabalho social de inspiração católica em um bairro pobre da cidade. Na época, ela já tinha bagagem acumulada da leitura de livros naquelas que viriam a ser suas áreas de formação, proporcionando a ela uma visão crítica e dialética da realidade. Sua matriz teórica decorre também do apreendido no método da interpretação da realidade de Karl Marx.
Graduou-se em Serviço Social e Sociologia, na Universidade de Brasília. Especializou-se em Política Social e obteve o título de mestre também pela UnB. Seu doutorado, em Sociologia, foi feito na Universidade de Havana. A ele se seguiu um aperfeiçoamento em Cuba na mesma universidade.
Sua pesquisa é frequentemente associada à melhoria do bem-estar social, ações de justiça social, aproximação entre América Latina, América Central e Caribe. Ela também foi coordenadora do grupo de estudos e pesquisa Crimina, que investiga criminalidade e sistema penal. Assim, seu trabalho também se liga à população carcerária, em especial a feminina, traçando comparações entre populações penitenciárias cubana e brasileira.
O trabalho desenvolvido por Dora ajuda, entre outras coisas, a compreender mecanismos sociais contemporâneos. Estudiosa sobre política social, Maria Auxiliadora Cesar observa que trata-se de fenômeno existente em sociedades capitalistas e socialistas. O que difere são as lógicas operadas nos dois sistemas. No capitalismo, a política social é ditada por princípios econômicos, fundamentados na lucratividade. Já no socialismo, o critério é humanista, com foco na satisfação das necessidades humanas básicas.
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