O racismo contra mulheres negras pode assumir diversas frentes. Quer seja por injúria racial ou discriminação, este crime também dificulta a inserção em ambientes acadêmicos ou profissionais. Em meio a esse cenário, a Coordenação da Questão Negra (Coquen/DIV/DAC) promoveu, nesta quarta-feira (23), o webinário A vivência das mulheres negras no mercado de trabalho: acesso, oportunidades, pandemia e saúde mental. Transmitido pelo canal da UnBTV no YouTube, a atividade integra o #8M2022 – programação comemorativa ao mês das mulheres na Universidade de Brasília (UnB).
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O evento debateu a importância de implementar políticas de gênero e igualdade racial para o combate ao racismo institucional no país. Participaram a doutoranda em Direitos Humanos e Cidadania (PPGDH/UnB) Raíla de Melo Alves; a analista técnica de políticas sociais no Ministério da Cidadania Késsia Oliveira; a coordenadora-geral do Conselho de Promoção de Igualdade Racial do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, Mariléia de Paula; e a ativista da Frente de Mulheres Negras do DF e Entorno Joseane Lima. A mediação foi da diretora da Diversidade (DIV) da UnB, Susana Xavier.
Para Raíla de Melo Alves, doutoranda em Direitos Humanos e Cidadania, é preciso considerar o racismo como um problema interseccional, isto é, que está estruturado junto a questões de classe, de gênero, de geração, de raça/etnia e de orientação sexual. Somente a partir desta perspectiva será possível combater o racismo contra mulheres negras no mercado de trabalho.
“Falar de empoderamento econômico, para além de autonomia financeira, é falar sobre mulheres ocupando espaços políticos, espaço de decisão, espaços no mercado formal de trabalho. Para fazer isso, precisamos ter bastante atenção nas estratégias interseccionais que considerem as realidades entre o contexto histórico que deixam as mulheres negras em um ambiente mais inseguro”, afirmou. “Uma pesquisa recente da USP demonstrou que 705 homens brancos no país possuem renda superior a 33 milhões de mulheres negras. Só esse dado já comprova o nível de insegurança financeira e desemprego”, acrescentou Raíla.
Segundo a coordenadora-geral do Conselho de Promoção de Igualdade Racial do Ministério dos Direitos Humanos, Mariléia de Paula, a dificuldade da mulher negra em se inserir nos ambientes acadêmicos colabora para o índice de desemprego. “Com o fim da escravidão, a mulher negra permaneceu trabalhando na informalidade, cuidando das tarefas do lar, sem acesso à educação, e consequentemente não alcançou o emprego formal. Com isso, a mulher enfrentou e até hoje enfrenta muitas dificuldades para a sua ascensão no mercado de trabalho. O estado precisa realizar políticas que garantam a igualdade de oportunidade de trabalho e igualdade racial”, concluiu.
De acordo com Késsia Oliveira, analista técnica de políticas sociais no Ministério da Cidadania, a alta demanda das mulheres negras nos serviços do Sistema Único de Assistência Social (Suas) tem total relação com o racismo estrutural e a dificuldade na inserção no mercado de trabalho. “As mulheres negras são as que permanecem enfrentando maiores dificuldades na inserção no mercado de trabalho, isso significa maior insegurança de renda, e maior proximidade com a pobreza e extrema pobreza. Então essas mulheres tendem a recorrer à assistência social. Mais de 75% das beneficiárias do Suas são mulheres negras. No total de beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC), 40% são mulheres negras”, ressaltou.
SAÚDE MENTAL – A saúde mental das mulheres negras também foi pauta do webinário. Na ocasião, as inscrições para 1ª Conferência de Saúde Mental da População Negra do DF e Entorno foram celebradas. O evento, que ocorre neste sábado (26), tem apoio do Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal (CRPDF). Segundo a ativista da Frente de Mulheres Negras do DF e Entorno Joseane Lima. é preciso cuidar da saúde mental da mulher negra para contornar o desgaste emocional provocado pelo racismo.
“Para além do empobrecimento da nossa população, nós convivemos com o racismo. É um desgaste emocional que só quem já passou por outras violências sabe que paralisa. Nós estamos acompanhando o adoecimento da nossa juventude negra. Como a nossa juventude está encarando e tratando toda essa ofensiva?”, indagou.
PARTICIPE – Organizada pela Coordenação das Mulheres da Diretoria da Diversidade (Codim/DIV/DAC), a programação do #8MUnB2022 vai até o dia 31 de março e integra atividades diversas norteadas pelo debate sobre a Política de Igualdade de Gênero na UnB. Os eventos são abertos para todo o público interno e externo à Universidade. Para participar, é necessário se inscrever pelo Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (Sigaa). A inscrição garante créditos de extensão aos participantes.
Confira o webinário:
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