RECONHECIMENTO

Universidade conquistou duas condecorações principais e quatro menções honrosas. Destaques são das áreas de educação física e saúde

UnB projeta-se pela qualidade e relevância de suas produções científicas. Acima, fachada do prédio que abriga os decanatos de Pós-Graduação (DPG) e de Pesquisa e Inovação (DPI). Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

A Universidade de Brasília teve seis trabalhos agraciados no Prêmio Capes de Tese 2021. Duas pesquisas da instituição levaram o título de melhor tese e quatro receberam menções honrosas. A premiação é direcionada a teses defendidas em 2020 e abarca 49 áreas de avaliação reconhecidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). 

 

Para a seleção foram considerados aspectos de originalidade do trabalho, a relevância para o contexto social do país, além da qualidade e da quantidade de publicações em decorrência da tese. Também estão entre os critérios de avaliação metodologia, redação, estrutura e organização do texto. Em cada área, foi escolhida uma pesquisa para o prêmio principal e até duas para receberem menção honrosa.

 

A excelência das produções científicas da UnB é, na avaliação do decano de Pós-Graduação, Lúcio Rennó, o que contribuiu para as indicações à honraria. "Os prêmios são muito importantes porque demonstram a qualidade da pós-graduação da Universidade de Brasília, reconhecendo o trabalho de discentes e orientadores", afirma.  

Milena Samora e Lauro Vianna no Experimental Biology Congress, na Flórida (EUA), em 2019. Na ocasião, a autora recebeu um prêmio por um dos estudos da tese. Foto: Arquivo pessoal

 

EXCELÊNCIA – A tese Diferenças entre os sexos no controle neural da pressão arterial durante o exercício isométrico, do Programa de Pós-Graduação em Educação Física da UnB, foi uma das premiadas. De autoria de Milena Samora, a pesquisa foi orientada pelo docente Lauro Vianna.

 

De acordo com o professor da Faculdade de Educação Física, os resultados obtidos com o estudo podem fundamentar mudança de ação que considera a diferença sexual como fator decisório no tratamento de doenças cardiovasculares e na prescrição de exercício físico. 

 

“O entendimento das diferenças entre os sexos em condições fisiopatológicas ressalta a importância de tratamentos farmacológicos adequados para cada um”, enfatiza.

 

Lauro Vianna exemplifica a situação a partir do uso do propranolol, empregado no tratamento de hipertensão arterial. “Uma vez que demonstramos que há diferenças entre homens e mulheres sob efeito do bloqueador de receptores beta-adrenérgicos [receptores que ligados à adrenalina causam vasoconstrição e vasodilatação] durante o exercício, é extremamente válido considerar essas diferenças em caso de tratamento utilizando o propranolol”, explica.

 

Milena Samora pôde dedicar-se integralmente à pesquisa graças a uma bolsa concedida pela Capes. A recém-doutora já recebeu outros prêmios e participou de eventos nacionais e internacionais. A tese de doutorado foi composta por três estudos, publicados no Journal of Applied Physiology, no European Journal of Applied Physiology e no Autonomic Neuroscience: Basic and Clinical.

 

“Eu já me considerava uma pessoa muito realizada por tudo que conquistei durante o doutorado. Contudo, receber esse prêmio me trouxe a reflexão de que todo meu esforço valeu a pena. Esse prêmio é o reconhecimento do trabalho árduo, do entusiasmo e da paixão ao longo desses anos. Estou extremamente feliz e honrada em recebê-lo", expressa a autora.

 

Do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Maíra Nunes também conquistou o prêmio de melhor tese, com o trabalho Desenvolvimento e caracterização de carreadores lipídicos nanoestruturados para o tratamento tópico da hidradenite supurativa. A pesquisa foi orientada pelo professor Guilherme Gelfuso e coorientada pelo docente Marcílio Cunha-Filho.

Guilherme Gelfuso e Maíra Nunes na qualificação de doutorado dela, em 2018. Foto: Arquivo pessoal

 

A tese fomentou o desenvolvimento do protótipo de um produto para a pele que ajuda no tratamento da hidradenite supurativa, doença que causa inflamação dermatológica crônica. Na avaliação de Guilherme Gelfuso, docente do Departamento de Farmácia da Faculdade de Ciências da Saúde (FS/UnB), a patologia é negligenciada, pois são escassas as opções de tratamento e estudos para a produção de terapêuticos.

 

“Nós utilizamos uma série de estudos in vitro, ou seja, sem o uso de animais, para avaliar o desempenho e a toxicidade da sua aplicação na pele. Por causa do ineditismo da proposta, nós conseguimos registrar a patente do produto”, frisa.

 

Os resultados do trabalho foram publicados em periódicos internacionais, como Colloids and Surfaces B: Biointerfaces, Biomedical Chromatography, Journal of Drug Delivery Science and Technology e Therapeutic Delivery

 

Pelo ineditismo da tese, Maíra Nunes destaca: “É muito bom pensar que um dia eu posso ajudar várias pessoas. Além disso, é um primeiro estudo, então outros tipos de pesquisas poderão ser embasadas na minha, com um desenvolvimento diferente”. 

 

Tanto orientador como orientanda contam que não esperavam estar entre os premiados, mas sabiam do potencial do protótipo. Guilherme Gelfuso salienta a satisfação em receber a honraria neste momento de baixo investimento em pesquisas nas universidades.

 

“Sem dúvida nenhuma é uma grande satisfação termos sido premiados. Isso nos impulsiona a seguir em frente com as nossas pesquisas científicas, apesar de todos os percalços pelos quais passamos. Ainda mais em um momento como esse, em que os cortes de recursos para a ciência são cada vez maiores, ao mesmo tempo em que a comunidade reconhece a importância de se fazer pesquisa na área de saúde”, pontua Gelfuso.

 

As menções honrosas obtidas pela UnB são por teses dos programas de pós-graduação em Artes Visuais, História, Nanociência e Nanobiotecnologia e Política Social. Confira abaixo todas pesquisas contempladas:

Trabalhos premiados e seus respectivos autores, programas de pós-graduação, orientadores e coorientadores. Arte: Igor Outeiral/Secom UnB

 

PREMIAÇÃO – Os estudantes contemplados, além de certificado e medalha, receberão bolsa de até um ano para estágio pós-doutoral em uma instituição nacional. Os orientadores ganharão até R$ 3 mil reais para a participação em evento acadêmico-científico no Brasil e certificado – também oferecido aos coorientadores e ao programa de pós-graduação (PPG) no qual a tese foi defendida.

 

A solenidade de entrega do prêmio será em 9 de dezembro, em Brasília. Para que autor e orientador compareçam, a Capes custeará diária e passagem aérea – em território brasileiro. O evento presencial será realizado desde que a Coordenação disponha de recursos para este fim e que as condições sanitárias do país permitam.

 

Dos 49 trabalhos premiados, três serão selecionados para o Grande Prêmio Capes, sendo um de cada Colégio de Avaliação da Capes: Ciências da Vida, Humanidades e Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinar. Os vencedores serão conhecidos em dezembro. 

 

Para os autores, a premiação nesta categoria consiste em certificado, troféu e bolsa para realização de estágio pós-doutoral em instituição internacional. Os coorientadores recebem certificado, assim como os orientadores – que são agraciados com R$ 9 mil para participação em congresso internacional.

 

 *estagiária de Jornalismo na Secom/UnB.

 

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