EXTENSÃO

Evento transmitido on-line discutiu obras e o legado do antropólogo brasileiro como escritor

Em uma das mesas do seminário, Gisele Jacon e os professores Haydée Ribeiro Coelho e Luiz Claudio Vieira de Oliveira fizeram reflexões as conexões históricas e culturais presentes na obra de Darcy Ribeiro. Imagem: Reprodução/DEX

 

O pensamento de Darcy sobre o Brasil e a América Latina está vivo não só em sua vasta produção acadêmica, mas também em seus romances. Esse foi o tema da mesa A contemporaneidade da literatura de Darcy Ribeiro, parte do II Seminário Internacional Darcy Ribeiro: pensamento contemporâneo em tempos de cólera. O evento virtual, que aconteceu nos dias 11 e 12 de agosto – disponível no canal do Decanato de Extensão (DEX) no YouTube – é fruto de parceria entre a Universidade de Brasília e a Fundação Darcy Ribeiro (Fundar).

 

Resultado das atividades desenvolvidas no âmbito do Programa Estratégico de Extensão Darcy Ribeiro e a UnB: legado, pensamentos e fazimentos, pelo qual foi firmado acordo de cooperação científica entre as duas instituições, o seminário pretende fomentar reflexão sobre o pensamento e as propostas de intelectuais brasileiros. Entre eles, Darcy Ribeiro, Florestan Fernandes, Anísio Teixeira e Paulo Freire, pensadores que trouxeram novas perspectivas para a compreensão da contemporaneidade brasileira e latino-americana.

 

A mesa contou com a participação de Haydée Ribeiro Coelho, professora da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e autora de livros e artigos sobre Darcy e sua obra; de Luiz Claudio Vieira de Oliveira, professor aposentado da Faculdade de Letras da UFMG e professor da Fundação Mineira de Educação e Cultura. A mediação foi feita por Gisele Jacon, que foi assessora técnica de Darcy Ribeiro de 1991 a 1997 e secretária-executiva da Fundar. Ela organizou as atividades da fundação até 2001.

 

ROMANCES – Gisele Jacon abriu a mesa lembrando que Darcy Ribeiro foi escritor de sucesso e romancista de qualidade, com quatro livros publicados. São eles: Maíra (1976), O Mulo (1981), a fábula Utopia Selvagem (1982) e Migo (1988), “uma versão romantizada de si mesmo, um jogo de escrita em que ele se revela e se esconde”, segundo analisou ela, que é também consultora na área de projetos sociais e socioambientais.

 

As obras foram publicadas e traduzidas em vários países, sendo sucesso de crítica no Brasil e no exterior. Nelas, estão presentes o pensamento de Darcy, seus fazimentos e a possibilidade de construir um Brasil novo.

 

“Ele queria muito ser lido, e ser lido por muitos”, destacou Gisele na abertura. “São romances que revelam a experiência de vida de Darcy e de seus estudos. Os personagens são uma tradução daquilo que ele viveu e estudou ao interpretar o povo brasileiro; o seu ‘fazimento’, a partir do desgaste de gentes e a constituição de um povo novo, e o desejo de um país mais humano”, completou Gisele.

 

Em sua fala, a professora Haydée propôs-se a decifrar e traduzir a obra de Darcy a partir do romance Migo, sob uma perspectiva da relação entre cultura e democracia.


Segundo ela, ficam evidentes tradição e ruptura na produção literária do antropólogo. “As fagulhas da produção literária de Darcy Ribeiro são pensadas de forma conjunta com a abordagem dos traços, vestígios e memoriais presentes em ensaios da literatura crítica do século 21”, explicou. São obras que revelam “histórias dentro de histórias sempre, abusando da ironia e do humor”, completou.

 

A apresentação do professor Luiz Claudio Vieira de Oliveira concentrou-se na comparação entre Darcy Ribeiro e o mineiro Guimarães Rosa à luz da contemporaneidade. Ele comparou principalmente as obras Grande Sertão Veredas e O Mulo. “Para conjugar o pensamento sobre o Brasil e sobre Minas Gerais, podemos estabelecer uma relação entre as obras de Guimarães Rosa e Darcy Ribeiro, que transitam da primeira para a segunda metade do século 20 num cenário de instabilidade política, com alternâncias de períodos de normalidade, revoluções, golpes militares e ditaduras”, explicou.

 

“Os dois autores transitam de um país agrário para o industrial, passam de uma literatura de ascendência europeia para outra brasileira, e pelo modernismo de 1922, em que ambos beberam. Conhecem a literatura da década de 1930, com que conviveram e se incluem no moderno que ajudaram a construir respectivamente com suas obras”, resumiu.

 

Segundo o professor de literatura da UFMG, os dois autores tentam criar um novo mundo, fazendo um redescobrimento do Brasil, para fazer do país algo diferente. “Um tem uma posição mais literária (Rosa), e o outro, mais política, antropológica e sociológica (Darcy)”, pontuou.

 

A mesa contou com participação do público. Ao final do evento, Gisele lembrou que Darcy dizia como era importante se dirigir e falar aos jovens, e era justamente por meio de suas obras literárias que ele pretendia educar e se comunicar com a nova geração. “Era uma forma de traduzir aquilo que estava presente em seus ensaios antropológicos e em suas obras acadêmicas”, enfatizou.

 

Os convidados ressaltaram que as obras literárias de Darcy Ribeiro se somam a sua grande produção de estudos ao longo de sua vida. “Darcy é um mundo. Você vai tirando camadas e descobrindo coisas ali. Darcy nos revela, nos retrata. Eu espero que todos leiam Darcy, que o leiam muito. Era o que ele mais queria”, concluiu a mediadora.

 

Confira a íntegra da atividade:

 

Leia também:

>> HUB oferece programa de reabilitação pulmonar pós-covid

>> UnB opera a única estação de tecnologia infrassom do país

>> Conselho de Administração aprova cotas em estágios não obrigatórios

>> Saiba como comunicar suspeitas e casos de covid-19 à Universidade

>> Conselho Universitário emite nota sobre a indisponibilidade dos sistemas computacionais do CNPq

>> UnB e Serviço Geológico do Brasil assinam termo para compartilhamento de laboratórios

>> Em processo inédito, UnB obtém nota máxima junto ao MEC e é recredenciada como instituição de ensino superior

>> Cepe aprova regulamentação de programas de pós stricto sensu

>> Editora UnB lança mais dez livros no selo Pesquisa, Inovação e Ousadia

>> Universidade vai superando a pandemia com ciência, planejamento e solidariedade

>> UnB em Ação: um ano de ações sistemáticas de combate à pandemia

>> Desenvolvido no IL, projeto para ensino de português a surdos é adotado pelo Ministério da Educação

>> Relatório de Gestão 2020 registra ações e resultados da UnB em ano histórico

>> UnB é 16ª melhor entre universidades da América Latina, aponta ranking

>> Limitação orçamentária imposta à UnB começa a impactar a assistência estudantil

>> Cepe mantém atividades acadêmicas em modo remoto

>> Nova funcionalidade do app Guardiões da Saúde facilita o monitoramento de casos de covid-19 na UnB

>> UnB divulga guia de recomendações para prevenção e controle da covid-19

>> Em webinário, DPI lança portfólio e painéis com dados sobre infraestrutura de pesquisa e inovação da UnB

>> Webinário apresenta à sociedade projetos de combate à covid-19

>> Copei divulga orientações para trabalho em laboratórios da UnB durante a pandemia de covid-19

>> Coes publica cartilha com orientações em caso de contágio pelo novo coronavírus

>> UnB cria fundo para doações de combate à covid-19 

ATENÇÃO – As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seus conteúdos. Crédito para textos: nome do repórter/Secom UnB ou Secom UnB. Crédito para fotos: nome do fotógrafo/Secom UnB.