O protagonismo das mulheres na Universidade de Brasília (UnB) vem aumentando com o passar dos anos. Elas já são maioria entre os técnicos administrativos da Universidade (51,42%), e com alto grau de qualificação: em 2021, a maioria possuía formação acima do nível superior, e 26,6% eram mestras ou doutoras – entre o sexo masculino, este percentual é de 20,95%.
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Segundo dados da Coordenadoria de Estudos em Gestão de Pessoas (Code), em 2021 a UnB contava com 48,62% de servidores (docentes e técnicos) do sexo feminino e 51,38% do sexo masculino. A maioria das mulheres tem entre 31 e 50 anos.
É na docência e na pesquisa que ainda se observam algumas disparidades. Os homens ocupam 54,76% dos cargos de professores, enquanto as mulheres, 45,24% – e quase todas são doutoras (93,95%).
Dos 25 pesquisadores 1A do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ou seja, aqueles profissionais que se destacam entre seus pares pelo alto nível de produção científica e, por isso, recebem bolsa de pesquisa da categoria mais elevada definida pela entidade, apenas oito (32%) são mulheres, enquanto 17 são homens.
Mesmo assim, quase metade (48,77%) dos cerca de 600 grupos de pesquisa da Universidade certificados pelo CNPq tem mulheres como líderes; e dos 210 projetos aprovados pelo Comitê de Pesquisa, Inovação e Extensão de combate à covid-19 da UnB (Copei), 93 (44%) foram propostos por mulheres.
Ainda no universo da pesquisa científica, as estudantes da UnB também se destacam: elas representam 65% dos bolsistas no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Cientifica (Pibic), e 67% no âmbito do Programa de Iniciação Científica em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibiti).
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GESTÃO – As mulheres também marcam presença nos cargos de gestão na UnB. A reitora Márcia Abrahão é uma das 14 reitoras entre as 74 universidades federais do país.
“É uma honra ser a primeira mulher reitora da Universidade de Brasília. Tenho consciência da minha responsabilidade com relação às futuras gerações”, afirma Márcia Abrahão.
“Fui aluna, fiz meu mestrado e meu doutorado na UnB, passei por áreas da gestão e agora estou reitora. Creio que o meu exemplo demonstra que é possível uma mulher trilhar todos os caminhos na UnB ou, como se diz: ela pode chegar aonde quiser!", completa a gestora.
Além disso, cinco dos oito decanatos da UnB são comandados por mulheres. Já em relação aos cargos de chefia, direção e assessoramento, levantamento do Code mostra que, em 2021, as mulheres ocupavam 46,69% destas funções na Universidade.
A chegada delas aos postos de comando ajuda a vencer um desafio que, segundo a reitora, é cultural: “Com a chegada de mulheres aos espaços de decisões, como na UnB e em outras instituições importantes, as pessoas vão se acostumando. Isso estimula outras mulheres a se candidatarem e as pessoas a se familiarizarem com a liderança feminina nas universidades e seus bons resultados”, avalia Márcia Abrahão.
Da gestão ao operacional, entre os trabalhadores terceirizados que prestam serviços à UnB, as mulheres representam 46% da mão de obra. De acordo com dados da Diretoria de Contratos Administrativos do Decanato de Administração (DCA/DAF), elas são maioria nas funções de recepção, limpeza e apoio administrativo, por exemplo. Mas também estão presentes nas atividades de vigilância, portaria e motorista.
ESTUDANTES – No primeiro semestre de 2021, as mulheres representaram 49% dos novos alunos dos cursos de graduação da UnB, o equivalente a 1.494 estudantes. Em todo o ano de 2020, foram 4.579 ingressantes (51,6%) e 2.163 concluintes (54,86%) do sexo feminino.
Ao todo, segundo a Secretaria de Administração Acadêmica (SAA), as mulheres representam 50% dos estudantes de graduação. No mestrado, elas somam 51% das matrículas, enquanto no doutorado, chegam a 53%. Em todo o ano de 2020, 1.855 alunas ingressaram na pós-graduação (52,7%) e 1.187 concluíram (54,2%).
Nas salas de aula de graduação, elas são maioria em 55% dos cursos. É o caso de Enfermagem, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Letras/Português e Pedagogia, por exemplo. Nestes cursos, 80% dos alunos é do sexo feminino.
Por outro lado, as mulheres representam menos de 20% em cursos de engenharia, e menos de 30% em muitos cursos de exatas, como Estatística e Ciência da Computação.
Apesar das diferenças, o protagonismo feminino também se faz presente nas organizações estudantis, como mostram dados das 47 empresas juniores vinculadas ao Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT) da UnB. Ao todo, 53% dos membros são mulheres, que também ocupam a maioria dos cargos de liderança e as presidências.
DESAFIOS – Os percentuais indicam uma lenta, porém progressiva, melhora nos índices de presença feminina na Universidade, o que não diminui os desafios que ainda se impõem, em especial na questão racial entre a comunidade acadêmica. A exemplo, em 2021, 56% das servidoras se identificaram como brancas, enquanto pretas e pardas somavam 32,36%; amarelas, 2,94%; e indígenas, 0,18%.
Os números mostram que, embora avanços tenham ocorrido com políticas afirmativas para ingresso de novos servidores, ainda há muito o que fazer para tornar o quadro mais representativo.
#8M2022 – Para celebrar as conquistas das mulheres na UnB e discutir iniciativas voltadas à redução das desigualdades de gênero, a UnB preparou programação especial para o mês da mulher: é o #8MUnB2022. Organizada pela Coordenação das Mulheres da Diretoria da Diversidade (Codim/DIV/DAC) com o tema Políticas de Gênero na UnB: trajetórias, desafios e perspectivas – UnB 60 anos, a ação segue até o dia 31 de março com mesas-redondas, oficinas, lançamentos de livros e exibição de filmes.
“Eu acredito que este é um momento importante, a gente vem passando por retrocessos no sentido de que não temos políticas de combate à violência doméstica e ao feminicídio, que aumentou muito”, afirma a diretora da Diversidade da UnB, Susana Xavier. “O contexto da pandemia reforçou as vulnerabilidades das mulheres. Mas também temos outro elemento, que é um discurso de ódio contra esse debate”, completa a diretora.
As atividades em comemoração ao mês das mulheres são abertas ao público interno e externo à Universidade. Para participar, é necessário se inscrever pelo Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (Sigaa).
Susana destaca que a maioria dos eventos da programação estará disponível no canal do YouTube da UnBTV, para aqueles que não conseguirem acompanhar ao vivo as transmissões. “Eu acho que vai ser um momento de grande aprendizado”, conclui a diretora.
Para a reitora Márcia Abrahão, eventos como este reforçam o papel fundamental da Universidade na defesa dos direitos das mulheres: “São as universidades que produzem e apoiam estudos que embasam políticas públicas e o pensamento crítico social. É a partir desses estudos, dos debates e das reflexões pautadas nas universidades que se transformam ideias e conceitos muitas vezes já cristalizados na sociedade.”
Ao longo do mês, a Secretaria de Comunicação (Secom) da UnB também publicará uma série de reportagens comemorativas, que abordará a atuação de destaque de servidoras, pesquisadoras e estudantes na Universidade, além de iniciativas institucionais para equidade de gênero.
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