Uma célula de trabalho (CT) da Secretaria de Comunicação (Secom) da UnB, dedicada à gestão do portal unb.br, trabalha em prol de implementar melhorias de acessibilidade do principal site da Universidade. A equipe multidisciplinar composta por técnicos, docentes e estudantes tem se reunido ao longo de 2021. Em novembro, o grupo divulgou relatório que detalha pesquisa realizada com usuários e indica problemas que precisam ser resolvidos.
>> Acesse: Relatório de Avaliação de Acessibilidade do Portal da UnB
O objetivo da CT é, a partir de análises técnicas, participação do público interessado e discussão ampla, aplicar mudanças para tornar o portal da UnB acessível a todos os usuários. Além da Secom, estão envolvidos na ação a Diretoria de Acessibilidade do Decanato de Assuntos Comunitários (Daces/DAC) e a Secretaria de Tecnologia da Informação (STI).
As necessidades de modificação foram identificadas a partir da análise de dados obtidos com o uso do validador automático de acessibilidade Web Accessibility, aliada a questionários que foram encaminhados via Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (Sigaa) para todos os estudantes de graduação cadastrados na Daces.
Paulo Schnor, secretário de Comunicação da UnB e presidente da CT, conta que o impacto de tornar o portal mais acessível e inclusivo corrobora a essência da Universidade em democratizar o acesso à informação, de forma que "todos os públicos possam ser acolhidos e ter a oportunidade de contar com informação, notícias, convívio e interação com a Universidade da maneira mais prática e inclusiva possível”.
Guilherme Bittencourt, estudante de Pedagogia da UnB, tem baixa visão. Hoje, para ele, as principais dificuldades ao acessar o portal são questões relacionadas ao contraste e à ampliação da página. Ambas estão descritas no relatório, serão contempladas e asseguram o pleno uso do site.
“A acessibilidade serve para efetivar meus direitos básicos como indivíduo. Poder discutir a respeito de acessibilidade na web traz perspectiva de que a Universidade não visa garantir somente o ingresso, mas a permanência com segurança e autonomia dos estudantes com deficiência e necessidades educacionais específicas. É certamente uma vitória para nossa causa, apesar de estarmos diante de um longo processo”, avalia o estudante.
RELATÓRIO – O documento técnico aponta 18 providências necessárias para melhorar a acessibilidade do site. Os apontamentos incluem quesitos como refazer o leiaute do portal, com o intuito de organizar os menus e submenus; utilizar linguagem de programação do site que permita a conversão de todos elementos textuais (títulos, subtítulos, ícones e textos informativos) no formato áudio pelo leitor de telas; adaptar todas as páginas para que sejam ampliáveis até 200% sem perda de conteúdo, entre outros.
O padrão a ser atingido está descrito nas Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web (WCAG) 2.1 do World Wide Web Consortium (W3C).
Na avaliação de Paulo Schnor, os resultados positivos a serem alcançados a partir das melhorias não se restringem ao público interno da UnB, que “já seria de grande valia”, mas possibilitam "tornar ainda mais direto o diálogo com toda a sociedade, sem restrição, também pensando na própria internacionalização, permitindo que todos os públicos tenham acesso à produção de conhecimento e àquilo que ocorre no ambiente democrático e inclusivo da Universidade de Brasília”.
A CT está trabalhando a fim de construir um cronograma de implementação das providências. Os itens serão melhorados seguindo o grau de urgência, do maior para o menor, sendo possível que alguns elementos sejam resolvidos simultaneamente. Estima-se que os primeiros resultados já poderão emergir no início de 2022.
PROTAGONISMO DISCENTE – A pesquisa que subsidiou a elaboração do relatório técnico foi feita em três etapas. O processo teve início com a análise do portal a partir da avaliação automática do software, o qual identificou as barreiras. Ainda na etapa um, foi realizada análise da experiência de navegabilidade e usabilidade do site por estudantes com deficiência visual – cegueira e baixa visão.
A inclusão desses estudantes no processo de pesquisa foi ampliado “considerando que eles são os sujeitos de direito da acessibilidade e que eles, melhor do que ninguém, poderiam identificar quais as barreiras enfrentadas ao acessarem o nosso site institucional”, destaca Sinara Zardo, diretora da Daces e condutora da pesquisa que resultou no relatório.
Guilherme Bittencourt participa do projeto da CT desde março de 2021. Sobre a sua experiência na equipe, relata: “Me sinto incluído. Faço um trabalho de consultoria de acessibilidade com base nos anos de pesquisa e extensão como estudante de Pedagogia e na experiência pessoal como pessoa com deficiência. Ao longo das diferentes pautas, faço considerações dentro da minha área. Sinto que me ouvem da mesma forma que ouvem os outros profissionais, isso gera um clima muito bom, o que me faz querer participar de todas as reuniões”.
Seguindo as orientações elencadas na Cartilha de Acessibilidade na Web, na etapa dois da pesquisa a CT elencou a avaliação humana no processo. Foi elaborado um questionário para traçar o perfil dos participantes e avaliar a acessibilidade do portal.
Um grupo constituído por 20 estudantes atendidos pela Daces atuou para validar os formulários – representando todas as deficiências e necessidades educacionais específicas que integram o público atendido pela Política de Acessibilidade da UnB.
Após a validação, a última etapa consistiu no envio de formulários via Sigaa para todos os discentes atendidos pelas Daces e na análise dos dados. Foram aplicados dois questionários, respondidos por 34 pessoas: um para o perfil e o outro de avaliação da acessibilidade do website. O último foi organizado a partir de cinco tarefas: avaliar a página inicial do site, o subitem Portal do Estudante do menu Vida Acadêmica, o subitem Ouvidoria do menu Serviços, o subitem Extensão Universitária em Cultura e Sociedade e o item Notícias. Cada um deles foi analisado conforme quatro dimensões.
Os discentes deveriam acessar links que direcionavam ao portal da UnB em diferentes serviços e avaliar a acessibilidade a partir das dimensões Perceptível, para saber se as informações e os componentes da interface eram apresentados de forma que pudessem ser percebidos pelo usuário; Operável, para checar se o conteúdo era de fácil navegabilidade e operável pelo teclado ou mouse; Compreensível, para conferir se o conteúdo era legível; e Robusto, para verificar se o conteúdo poderia ser interpretado de forma confiável, com ou sem auxílio de tecnologia assistiva.
“Indicamos no relatório final a necessidade de que o site considere as diretrizes de acessibilidade publicadas pela WCAG de forma a promover acessibilidade em língua brasileira de sinais para os estudantes surdos, para comunidade surda da Universidade de Brasília”, informa Sinara Zardo.
PROCESSO – Em março de 2021, Fernanda Lima, docente do Departamento de Ciência da Computação (CIC) e membra permanente da CT, apresentou à equipe um documento intitulado Nota Técnica para auxiliar a adoção de acessibilidade no Portal da UnB. A ideia era difundir o conceito de acessibilidade e ressaltar a importância de aplicar os critérios para facilitar o acesso ao site às pessoas com algum tipo de deficiência visual.
“Há uma legislação desde 2004 [Decreto nº 5.296/2004] que define que os sites do governo devem ser acessíveis. Apesar de não sermos diretamente um órgão do governo, nós somos uma universidade federal e esse princípio deveria ser respeitado”, opina a docente. “Houve uma conscientização da equipe [da CT] naquele momento, e isso passou a fazer parte da agenda de trabalho”, completa.
Em seu Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), a UnB estabelece a acessibilidade como uma das diretrizes norteadoras das ações de ensino, pesquisa, extensão e gestão. A perspectiva também é prevista na Política de Acessibilidade da Universidade de Brasília, aprovada em 2019 e disposta na Resolução do Conselho de Administração (CAD) nº 50/2019.
TRABALHO CONSTANTE – A CT que gere o portal realiza trabalho contínuo. A prioridade da equipe é se pautar em atualizações para atender os diversos usuários. “Nós sabemos que a evolução tecnológica é muito rápida e exige esse trabalho permanente de aperfeiçoamento, tanto do portal quanto dos outros canais oficiais da Universidade de Brasília”, frisa Paulo Schnor.
*estagiária de Jornalismo na Secom/UnB.
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