RETORNO GRADUAL

Desde terça-feira (7), instituição recebe servidores docentes e técnicos-administrativos, estagiários e terceirizados nos campi

Servidoras da Diretoria de Desenvolvimento Social (DDS/DAC) consideram que a estrutura do retorno está boa e irão apontar melhorias com base no que virem. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

Após quase um ano e nove meses de atividades remotas devido à pandemia de covid-19, a Universidade de Brasília começa a receber oficialmente, a partir desta terça-feira (7), seus servidores docentes e técnicos, terceirizados e estagiários nos campi. Gradualmente, o trabalho volta a ser realizado de modo presencial, de forma segura, nas dependências da instituição. O retorno obedece aos critério dispostos na Resolução do Conselho de Administração (CAD) nº 0051/2021.

 

Para minimizar as chances de contágio do novo coronavírus entre os colaboradores, cada unidade elaborou um plano de contingência que contempla a realidade local. Estão previstas medidas como distanciamento, máxima lotação, fluxos de entrada e saída, fixação de material educativo, ventilação, uso de equipamentos de proteção individual, disponibilização de álcool em gel 70% em dispensores, dentre outras ações profiláticas.

 

“É importante lembrar que a gradualidade significa que nem todos retornarão ao mesmo tempo. Os setores deverão observar os planos de contingência de cada unidade para organizar o retorno gradual dos servidores elegíveis, de modo a garantir todas as medidas de distanciamento social e proteção individual necessárias”, observa a decana de Gestão de Pessoas, Maria do Socorro Gomes.

 

RU E BCE – O retorno no Restaurante Universitário (RU) e na Biblicoteca Central (BCE) está acontecendo aos poucos. Para acessar os prédios, é necessário apresentar carteira de vacinação com esquema vacinal completo. Em ambas as unidades o usuário é orientado a higienizar as mãos ao entrar e, no RU, há, ainda, medição de temperatura.

 

"Até o momento tenho me sentido seguro, os usuários têm sido conscientes e usam máscara cobrindo nariz e boca", diz o funcionário terceirizado Nailton Teixeira. Ele e o colega Ronaldo Marcelino fazem as conferências do documento de identificação e esquema vacinal de quem chega ao RU. "Eu trabalhava em um mercado antes e era muito mais arriscado, já que o público era intenso. Aqui está tranquilo para mim", acrescenta Ronaldo. Os dois fizeram a triagem que possibilitou servir 71 cafés da manhã e 140 almoços nos refeitórios do restaurante.

Para entrar no RU, é necessário apresentar esquema vacinal completo e documento de identificação. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

Ítalo Siqueira e Samuel Moisés, estudantes do sétimo semestre de Engenharia Civil, retornaram ao RU pela primeira vez nesta terça e aprovam as medidas adotadas. "Parece seguro. Só não sei como vai ser quando houver uma quantidade significativa de pessoas", pondera Ítalo. "Minha maior preocupação é tirar a máscara para comer, mas estou feliz de matar a saudade", considera Samuel.

 

A estudante de Geologia, Suellen Campos, já estava frequentando o RU desde sua reabertura e acredita que o espaço está seguro. "Por enquanto me sinto ok. Para o futuro, acredito que seria melhor um cadastro do que mostrar a carteirinha de vacinação, porque gera filas. Quando houver mais estudantes, deixará de ser seguro, caso continue assim."

 

Já na BCE, os usuários são recebidos por meio de agendamentos em três turnos, de segunda à sexta. Jorge Guilherme Amaral, estudante do 12º semestre de Engenharia Eletrônica, achou o processo de reserva do espaço muito tranquilo e, no geral, está achando seguro. "Em termos de estrutura, achei tudo muito bem organizado. Acho que poderia ter uma fiscalização do espaço para coibir a retirada da máscara, como aconteceu hoje, por exemplo."

 

Jorge estava com saudade de estudar na Biblioteca, mas conta que apesar de estar feliz por voltar, sente medo de ter contato com alguém, estar assintomático e levar doença para os pais e o irmão, que já sofreram muito com a longa internação de uma familiar.

 

Lenira Guedes, técnica que recepciona os usuários na Sala de Reserva, também se sente como Jorge. "Estou feliz de ver os colegas e os usuários da BCE de volta. É uma sensação muito ambivalente. Esse olho no olho me fez falta. No entanto, estou angustiada e ansiosa para comer e pegar em qualquer objeto", desabafa.

 

Ela, assim como os colegas, está trabalhando em turnos semanais de seis horas, com revezamento entre os três períodos de atendimento oferecidos pela BCE. Como são considerados parte do serviço essencial, a BCE, no intuito de preservar a saúde dos colaboradores em grupo de risco, criou a estratégia de alocá-los em serviços presenciais prioritários de não atendimento ao público. "Também temos deixado o uso da copa para os terceirizados que estão trabalhando oito horas e não têm opção de local para fazer refeições", explica a coordenadora de Bibliotecas Setoriais, Ana Flávia Kama.

Vinícius Pomper, Vinícius Vasconcelos e Renato Ferrari (esq. para dir) estão atentos às regras de convivência e consideram essencial utilizar a máscara de proteção facial de maneira correta. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

Na BCE, há uma hora de intervalo no atendimento ao público entre os turnos. "É um momento para quem chega e quem sai ter a chance de higienizar sua estação de trabalho visando a segurança de todos", detalha Ana Flávia.

 

HORA DA VOLTA – O professor Vinícius Vasconcelos, do Departamento de Geografia (GEA), foi pela primeira vez esta semana à Universidade, no campus Darcy Ribeiro. Contratado em junho, só havia tido a vivência remota na UnB. "A volta gradual é uma decisão acertada. Só vamos entender como tudo vai funcionar quando houver o retorno mais amplo no campus, não dá para dizer nada ainda", diz.

 

O docente trabalhou ao lado do egresso do doutorado do Programa de Pós-Graduação em Biologia (PPGBio) Vinícius Pomper e do mestrando Renato Ferrari em um laboratório do Departamento de Ecologia (ECO). Os três usavam máscaras de proteção facial cobrindo nariz e boca e respeitaram o limite máximo de ocupação determinado no espaço, que é de três pessoas. "Considero que está tudo bem organizado aqui na Biologia", afirma Vinícius Pomper. Renato Ferrari acredita que a vacinação é determinante para esse convívio. "Dá mais segurança de ficarmos juntos no mesmo espaço", completa.

 

Já os servidores da Secretaria de Administração Acadêmica, que aos poucos passa a funcionar no Centro de Vivências da UnB, acreditam que o sistema que integra trabalho remoto e presencial foi a melhor forma de retorno no momento, uma vez que o espaço não comporta todos os servidores. "Todos os não elegíveis para trabalho presencial estão em casa, e isso nos deixa mais seguros pelos colegas", afirma Manuela Gomes, assistente administrativa.

 

O colega Jonathas Bastos já considera que o retorno deveria ter sido escalonado, para que se pudesse observar na prática os efeitos da divisão dos espaços coletivos. "Na medida em que fôssemos percebendo esses efeitos, aumentaríamos a frequência presencial em um dia na semana, de forma que começaríamos vindo uma vez na semana e terminaríamos em cinco", explica. A estratégia, de seu ponto de vista, é necessária porque a Universidade está considerando apenas o que acontece no ambiente. "Só que o contágio pode acontecer no ônibus em que venho, por exemplo. Aí contamino meus colegas e minha família em casa, sendo que poderia ser menos gente atingida", defende.

 

A decana Maria do Socorro Gomes explica que alguns setores poderão se organizar para que o trabalho ocorra em escalas e dentro de um limite de horário de atendimento ao público. “Com essas medidas buscamos garantir a segurança sanitária dos nossos servidores e colaboradores.”

 

Já no Decanato de Assuntos Comunitários (DAC) a expectativa é de um retorno presencial bem organizado e sem intercorrências, apesar do intenso atendimento aos usuários. "Acabamos de chegar e vamos trabalhar a percepção do que precisa ser melhorado. No momento, atende as condições de biossegurança", acredita a assistente social da Diretoria de Desenvolvimento Social (DDS/DAC) Simone Fonseca. A colega e também assistente social Marcia Costa acredita que há material suficiente, mas que alguns itens, como barreira de acrílico, e o conserto do ar condicionado ajudariam a incrementar a segurança do local.

Cartazes com orientações de biossegurança foram afixados nos ambientes. É essencial seguir a sinalização e utilizar os insumos fornecidos, como o álcool em gel, para minimizar chances de contágio. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

NORMAS DE RETORNO – A Instrução Normativa 90 do Ministério da Economia (ME) foi uma das regras de retomada estabelecidas no âmbito da Administração Pública Federal, em que se insere a UnB. A partir desta determinação, a Universidade de Brasília começou a se organizar para que o retorno presencial fosse viabilizado.

 

Para orientar a comunidade acadêmica nesta etapa, estão em vigor na UnB, além da resolução que estabelece os parâmetros do retorno presencial, o Plano Geral de Retomada das Atividades e o Guia de Recomendações de Biossegurança, Prevenção e Controle da Covid-19 na UnB. Há também orientações sobre segurança sanitária no Guia de Convivência e Boas Práticas sobre a Covid-19.

 

A decana do DGP lembra, ainda, que os servidores devem comunicar casos suspeitos de covid-19 à Universidade e que o cenário epidemiológico na UnB está sendo monitorado. “Recomendamos o uso do aplicativo Guardiões da Saúde e a Coordenação de Atenção e Vigilância em Saúde (Coavs) atua para acompanhar as suspeitas de covid-19", frisa Maria do Socorro Gomes.

 

Para que o retorno possa ser o mais seguro possível, é necessário contar com o bom senso da comunidade acadêmica. Siga sempre o plano de contingência da sua área, sem hesitar em apontar melhorias; utilize máscara cobrindo o nariz e a boca; mantenha distância de 1,5 metros entre as mesas; evite compartilhar objetos de uso pessoal; e fique atento à sinalização da Universidade, que indica as boas práticas de convivência.

 

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