Depois de dois anos sem eventos presenciais em razão da pandemia de covid-19, a Campus Party Brasília abriu as portas para o público nesta quarta-feira (23), no estádio Mané Garrincha. Nesta quarta edição, a Universidade de Brasília (UnB) conta com estande na área open, disponível para visitação gratuitamente até o próximo domingo (27).

Para entrar, é necessário apresentar comprovante de vacinação completo e permanecer de máscara. Não é preciso fazer qualquer inscrição prévia no evento para acessar os estandes da área open.

“A UnB convida a todos, principalmente aqueles apaixonados por tecnologia e inovação, que gostam de robótica, inteligência artificial e têm o empreendedorismo inovador na veia, para fazer parte da quarta edição da Campus Party Brasília e visitar o nosso espaço”, convida o analista de Inovação do Parque Científico e Tecnológico da Universidade, Bruno Goulart.

“Aqui temos 38 projetos das mais diversas áreas da Universidade que mostram o que temos de melhor: a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação gratuita e de qualidade”, completa Bruno. Na última edição presencial do evento, em 2019, o estande da UnB foi o mais visitado, com média de 5 mil pessoas por dia.

A primeira edição da Campus Party Brasília foi em 2017. E foi justamente nesta ocasião que Bernardo Lacerda Dias, 24 anos, estudante de Engenharia Aeroespacial na UnB, conheceu a equipe Apuama Racing, ligada à Faculdade de Tecnologia (FT). O grupo, que compete na Fórmula SAE – organizada pela Society of Automotive Engineers –, trouxe novamente o carro tipo fórmula para o estande da Universidade, com estrutura de fibra de carbono e motor que chega a 130km/h.

“Despertou minha paixão”, lembra Bernardo. “Eu já gostava de automobilismo, mas achei muito mais acessível. Eu vi que tinha na UnB, e eu poderia participar. Ter o carro aqui na Campus Party foi imprescindível para esse momento”, afirma o estudante.

Em 2019 ele passou a integrar o grupo, e hoje desempenha a função de líder de inspeção. O projeto existe desde 2004, e atualmente conta com cerca de 35 membros – a maior parte, estudantes de cursos de Engenharia, mas a iniciativa está aberta a todos os alunos da UnB.

Isabela Marinho Domingues, 21 anos, é estudante de Engenharia de Produção e capitã organizacional da equipe. Ela entrou no projeto há cerca de 3 anos e meio, e participou da Campus Party de 2019 como expositora: “A gente faz muito networking aqui, tanto para patrocínio da equipe quanto para conhecer um pouco sobre o mercado e descobrir onde os conhecimentos que a gente desenvolveu na equipe podem ser úteis no futuro”.

PESQUISA – Em razão da sua formação em Ciência da Computação pela UnB, Alexandre Silva dos Santos sempre frequentou a Campus Party Brasília. Mas este ano é a primeira vez que ele participa como expositor. Ele concluiu recentemente seu mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, na Faculdade UnB Planaltina (FUP), e veio apresentar os resultados.

“É bom demais, é sensacional estar do outro lado, expondo equipamento e material pela Universidade, é uma sensação maravilhosa”, afirma Alexandre, que desenvolveu uma pesquisa sobre o monitoramento da ictiofauna em hidrelétricas.

Trata-se de uma plataforma que permite acessar dados de equipamentos de sonar remotamente, com o objetivo de monitorar materiais orgânicos que vêm ao longo do rio e podem danificar hidrelétricas (como troncos de árvores, por exemplo), além de monitorar cardumes de peixes para evitar impactos ambientais.

Para explicar a pesquisa, ele levou banner, notebook e o próprio equipamento, que foi utilizado na Usina Hidrelétrica de Jirau, em Porto Velho. O objetivo é mostrar como ele funciona e como foi utilizado em campo.

Para ele, a oportunidade de expor o trabalho na Campus Party Brasília ajuda a divulgar a produção acadêmica. “A gente está tentando transpor esse abismo que existe entre academia e a sociedade justamente trazendo projetos que possam agregar e ser úteis a sociedade e aos agentes públicos e privados”, avalia Alexandre.

MEDICAMENTOS – A equipe comandada pela professora Márcia Renata Mortari, do Instituto de Ciências Biológicas (IB), participa pela terceira vez do evento. Os integrantes fazem parte do Laboratório de Neurofarmacologia da UnB, e apresentam o projeto Medicamentos bioinspirados para doenças cerebrais.

A equipe desenvolve medicamentos a partir do veneno de marimbondo, e trabalha com a descoberta de tratamentos para doenças como Alzheimer, Parkinson e transtorno do espectro autista. Um dos medicamentos elaborados pelo grupo já se encontra em fase clínica de testes, tratando animais com epilepsia. Além disso, outras 13 patentes de novos medicamentos foram registradas pela equipe.

Márcia Renata Mortari conta que o projeto desperta muito interesse no público infantil: “As crianças adoram porque a gente traz cérebros de vários animais, microscópio, oferecemos uma oficina de massinha para fazer neurônios, elas participam muito”.

Nesta edição, 11 alunos de graduação e pós-graduação do laboratório se revezam no evento. “É muito importante que um pesquisador fale para a sociedade o que faz – hoje mais do que nunca. A gente tem que saber estar em uma feira e conseguir se comunicar com a sociedade, com pessoas de diferentes cursos, com diferentes formações, é importante”, avalia a professora.

“Além disso, é uma oportunidade para que os estudantes possam ter essa formação em extensão, de divulgação científica. É uma prestação de contas”, conclui Márcia Mortari.

FOGUETES – As crianças também formam o principal público do Capital Rocket Team, projeto ligado à Faculdade do Gama (FGA), que trabalha no desenvolvimento de foguetes. É o que conta o estudante de Engenharia Aeroespacial Guilherme Ferreira Mendonça, 22 anos, que participou da edição de 2019 da Campus Party Brasília e está novamente no evento.

“Acho que é um público que vê isso mais como um sonho, e se interessa mais. Também atraímos o público geek e os visitantes que se interessam mais por tecnologia. Mas as crianças perguntam de tudo, é impressionante”, afirma Guilherme. “2019 foi uma experiência incrível, a gente pôde interagir com público, divulgar nosso projeto. É sempre bom poder compartilhar conhecimento com o público em geral.”

A equipe conta com 47 membros: a maioria é formada por estudantes de Engenharia Aeroespacial e Engenharia Eletrônica, mas a iniciativa é aberta a todos os cursos. A equipe trouxe dois foguetes para o estande da UnB: um deles, batizado de Gama I, chega a 3 km de altitude; e outro, Daedalus I, alcança 1 km.

Além disso, serão exibidos vídeos que mostram testes feitos com os foguetes, além das etapas de construção. Os visitantes ainda podem conferir peças como motores, tanques, entre outras. “A gente espera poder conversar com todo mundo, mostrar o que é a área de foguetes e inspirar pessoas a virem para essa área que está em crescimento no Brasil”, conclui Guilherme.

Confira abaixo a programação do estande da UnB ao longo da quarta edição da Campus Party Brasília: