Garrafas PET, tesoura, papelão, fita adesiva – tudo para a construção de um foguete. Pode parecer apenas brincadeira, mas a experiência com lançamento de foguetes proposto por Marcos Antônio da Silva é usada para traduzir conceitos de Física e Astronomia para estudantes do ensino médio. Marcos Antônio é professor da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal desde 2003, e em 2015 concluiu mestrado em ensino de física pela Universidade de Brasília (UnB).
O trabalho de Marcos Antônio envolve o uso de foguetes de garrafa PET para fazer a transposição didática de conteúdos para serem explorados em sala de aula – Leis de Newton, centro de massa e centro de pressão, os estados físicos da matéria e suas propriedades. Mesmo com pouca infraestrutura, as atividades podem ser replicadas por professores e alunos com materiais de baixo custo.
“A ideia é propor atividades experimentais aos estudantes como forma de incentivá-los nas atividades investigativas para que despertem a curiosidade pela Física”, explica. “Essa linguagem científica precisa ser transformada em uma linguagem que o estudante possa compreender.”
A atividade pode parecer divertida, mas o professor garante que não é só espetáculo. Para construir o foguete, é necessário pensar o tipo de garrafa PET, a quantidade de água e pressão que será colocada dentro do foguete, o tamanho e o formato das aletas (são as asas). “Nas nossas oficinas, estamos interessados no alcance horizontal do foguete, e pensar em como atingir o melhor alcance faz os estudantes buscarem respostas, corrigir erros e descobrir novos caminhos. Isso é muito importante para a aprendizagem”, conta.
Se o objetivo é despertar o interesse na ciência, os resultados são bons. Em 2017, um grupo de estudantes orientados por Marcos Antônio ganhou o troféu de campeão na Jornada de Foguetes da Mostra Brasileira de Foguetes (Mobfog). Em 2018, outro grupo ganhou menção honrosa. Encerrado por conta da pandemia, o projeto foi retomado agora, e o professor já tem grupos selecionados para a Mobfog.
Outro desdobramento da dissertação é a Olimpíada de Foguetes de Garrafa PET do DF e Entorno, criada em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB), com apoio da Fundação de Ciências, Aplicações e Tecnologias Espaciais (Funcate). A primeira edição foi em 2019, e a segunda edição será realizada este ano. “A ideia é dar apoio às escolas que queiram desenvolver a temática espacial. Para isso, formamos um grupo de voluntários e vamos às escolas e fazemos palestras e oficinas para incentivar os estudantes”, diz Marcos Antônio.
Orientador do Marcos Antônio, o professor José Leonardo Ferreira, do Instituto de Física da UnB, conta que o tema surgiu a partir do Programa AEB Escola, uma parceria do IF com a AEB. O Observatório Luiz Cruls, na Fazenda Água Limpa (FAL), vem atuando na divulgação da Astronomia desde 2005, com vários cursos de extensão sendo realizados todos os anos.
>> Leia o artigo do professor José Leonardo Ferreira sobre o Dia Internacional da Astronomia
A oficina de foguete de garrafa PET também vai acontecer durante a SBPC Jovem, parte da 74ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Essa edição será na UnB, entre 24 e 30 de julho, com o tema Ciência, independência e soberania nacional.
“Muitos veem uma oficina de construção e lançamento de foguetes apenas como uma forma alternativa de aprender física, mas vários outros despertam o interesse pela temática e procuram aprofundar o conhecimento e se interessar pela área espacial”, diz o professor.
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