A Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs) homenageou, durante a cerimônia de abertura de seu 44º encontro anual, o professor Carlos Benedito Martins, do Departamento de Sociologia (SOL) da Universidade de Brasília, com o prêmio Anpocs de Excelência Acadêmica Antônio Flávio Pierucci em Sociologia. A honraria reconhece as contribuições acadêmicas do docente, pelo impacto de sua destacada produção intelectual e por seu trabalho institucional em prol das ciências sociais.
Responsável pela apresentação de Carlos Martins na solenidade, o professor da Universidade de São Paulo (USP) Sérgio Miceli lembrou que o trabalho consistente do homenageado sobre ensino superior vem desde o início de sua formação. Martins acumula mais de quatro décadas de expertise na área. Em seu discurso de agradecimento, o sociólogo falou da trajetória que o levou a seu projeto intelectual, suas contribuições para a consolidação de mais de 15 cursos de pós-graduação em Ciências Sociais no país e lembrou o papel das universidades contra o obscurantismo e tempos sombrios impulsionados pela pandemia que vivemos.
Tradicionalmente realizado em Caxambú (MG), o encontro deste ano aconteceu de forma virtual, em respeito às recomendações de distanciamento social ensejadas pela pandemia de covid-19. Também foram homenageados Cláudia Lee Fonseca (UFRGS) na área da Antropologia e Leonardo Avritzer (UFMG) na área de Ciência Política. É a primeira vez que um docente da UnB vence na categoria. A professora emérita do Departamento de Antropologia (DAN) Mariza Peirano já havia sido reconhecida na categoria destinada a antropólogos em 2015.
TRAJETÓRIA – Vinculado à Universidade de Brasília desde 1987, Martins tem um papel relevante na teoria sociológica contemporânea. Uma de suas principais contribuições para o campo reside nos estudos sobre o ensino superior, com ênfase no setor privado. O interesse pela área vem desde antes do início da graduação em Ciências Sociais, quando participou do movimento estudantil em 1967 e fez parte das discussões sobre a reforma universitária em 1968.
A partir do ingresso no ensino superior, Carlos Martins teve oportunidade de interagir com outros grandes nomes, como o sociólogo Florestan Fernandes e a antropóloga Maria Andréa Loyola. O interesse de Martins pelo movimento de organização do ensino superior brasileiro, somado às conversas com esses pensadores, abriu caminho para que o docente seguisse enveredando por sua área de pesquisa, assim como para a atuação em associações e outras instituições ligadas à área.
Nesses dois caminhos que marcam a trajetória de Carlos Martins, destacam-se o período à frente da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS), em dois mandatos consecutivos; sua atuação junto à Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), a mesma que lhe concedeu o prêmio de Excelência Acadêmica 2020; e seu papel no Comitê de Sociologia e como assessor da presidência da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Também é relevante seu percurso como professor visitante em diversas instituições fora do Brasil, onde segue pesquisando sobre ensino superior, agora com foco na globalização. "Esses momentos, principalmente o tempo que passei em Oxford, me permitiram acrescentar a perspectiva da globalização aos meus estudos", esclarece Martins.
A docente aposentada do Departamento de Sociologia e vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Fernanda Sobral, conhece Martins há mais de 25 anos. Ela acredita que a contribuição sobre o modelo acadêmico da universidade deixada ao longo dos anos por Martins é relevante, primeiramente por versar acerca do ensino superior no Brasil e, também, pelo desenvolvimento, nos último anos, de análises comparativas com outros países. "Leva-nos a perceber a importância da universidade em pensar a autonomia universitária", reflete.
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